Mirian renuncia ao cargo de presidente do CSA; veja trechos do pronunciamento

Publicado em 02/09/2025, às 17h24
Mirian Monte em fala à imprensa - Theo Chaves / TNH1

Theo Chaves e Paulo Victor Malta

Um dia após ser afastada do cargo de presidente executiva do CSA pelo Conselho Deliberativo, Mirian Monte assinou, nesta terça-feira, 2, a renúncia do cargo. Foi a primeira vez que a gestora falou após a queda do Azulão à Série D do Campeonato Brasileiro. 

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"O vice-presidente constituído legitimamente, Robson Rodas, terá o direito se fica ou se não fica, de acordo com o estatudo do clube. A partir de agora, ele que vai ter que dizer se fica ou não. O que ele me deixou ciente é que ele fica, que assume o clube e passa a ser o presidente do Centro Sportivo Alagoano. E terá de mim todo o desejo de sucesso e boa sorte". 


Em pronunciamento à imprensa em um empresarial no bairro da Pajuçara, Mirian Monte afirmou que os vencimentos do clube estão em dia e criticou os pagamentos popularmente chamados de "bicho", fruto das premiações conquistadas nas competições.

Só nesta temporada, o Azulão faturou mais de R$ 11 milhões ao chegar na semifinal da Copa do Nordeste e nas quartas de final da Copa do Brasil.

"Engraçado que vazaram pagamentos de bichos para os jogadores, mas isso vazou justo agora, né. Isso devasta nosso futebol. Isso é um mal para o futebol brasileiro. Está enraizado no futebol e nos atletas. Eles cobram isso.", detonou a presidente, que foi afastada do cargo pelo Conselho Deliberativo nessa segunda-feira, 1º.

"Não me vendo nem me corrompo por dinheiro. Quando passar tudo isso, eu vou falar tudo para vocês. O clube está com tudo pago, não deve salário de ninguém", acrescentou.

Mirian Monte e toda direção executiva foram afastados do cargo nessa decisão do Conselho Deliberativo.

"Eu disse para o Conselho que iria apresentar em 15 dias a minha carta de renúncia. Eu pedi, inicialmente, 15 dias. Eu já tinha a intenção de negociar a minha saída, eu já tinha esse desejo", discursou Mirian.

Segundo o presidente do conselho, Clauwerney Ferreira, a ação do afastamento foi pautada sobre a alegação de 'gestão temerária'.

"Hoje, toda a contabilidade do clube está digitalizada. Tudo o que pedirem, vamos fornecer. Eu tenho recebido inúmeras acusações que a nossa gestão é temerária. São notícias falsas, burburinhos, que nada me abala, pois eu sei tudo o que foi feito por essa gestão, pois geramos riquezas para o clube. Trouxemos 6 milhões de patrocínio para o clube", respondeu Mirian.

A presidente ressaltou que era preciso negociar os contratos dos jogadores antes do término da janela de transferências.

"Hoje é o último dia da janela de contratação. E o perigo de um ato, um ato temerário, que pode quebrar o clube, foi feito (sobre o afastamento da presidência). Hoje, fizemos acordos, 90% deles já foram pagos. Faltam apenas quitar R$ 35 mil. Se temos atletas que foram para a Série A, como Enzo para o Grêmio, e o Brayann foi para o Goiás, o time não foi tão desgraçado assim. O time não performou tão mal assim, né", ponderou a presidente.

De acordo com Mirian, a receita do CSA prevista para a temporada 2026 é de R$8,8 milhões.

Veja outros trechos do pronunciamento:

Bicho

"Todo bicho era de conhecimento da diretoria. Os jogadores mandavam a relação de jogadores, que eram pagos pelo nosso executivo. Esse dinheiro era passado para os jogadores, que faziam o que queriam com esse dinheiro. A distribuição era toda feita por eles. Teve diretor que recebeu o bicho no jogo do Grêmio".

'1% de banda podre rebaixou o CSA'

"Eu tinha uma relação boa, que era real no dia a dia clube. Mas tem coisas que não chegam até a presidência, de bastidores, da relação entre jogadores. É impossível ter essa leitura. Nós, o departamento de futebol do clube, identificamos uma queda brusca de rendimento contra o Retrô, isso rapidamente acendeu um alerta. O clube tinha 99% de chance de ficar na série C e 1% de rebaixamento para a Série D. Esse 1%, que foi a banda podre, rebaixou o clube. Esse 1% pode ser pelo desgaste dos jogadores, por ter vislumbrado as copas, pelos reforços que não deram certo. Mas ele também pode ser pelas obscuridades do futebol, e eu não posso deixar de falar disso".

'Entregaria o clube na Série C'

"Nos últimos jogos, eu falava para os meus jogadores que não iria me afastar, para não abalar a equipe. Mas a violência foi demais, eu não aguentava mais, e já havia decidido me afastar. Eu já estava cansada, entregaria o clube na Série C, com recursos, mas veio esse 1%".

"A minha filha me ligava com síndrome de pânico, pedindo pra eu tomar cuidado nos estádios, por causa do registro de violência. Eu só queria que aquilo acabasse e que acabasse bem. Não existe ninguém mais triste do que eu".

Rebateu críticas do Conselho

"Não fui convidada nenhuma vez para uma reunião do conselho deliberativo durante a minha gestão. Agora, eu recebi um bombardeio de ofícios. Se por um lado foi bom para a nossa organização, eu notei que havia uma perseguição, que havia abusos. Eu tomei conhecimento do meu afastamento pela imprensa. As últimas reuniões do conselho aconteceram sem que eu soubesse".

"As pessoas que estavam acusando e julgando na reunião do conselho de ontem, não queriam ouvir nada de nós. Eles passaram o ano inteiro perseguindo, batendo, então pra eles não importava".

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