Assessoria
Com crescimento acelerado, rotina agitada e alimentação nem sempre equilibrada, a suplementação infantil ganha espaço na rotina de muitas famílias e levanta dúvidas que a ciência começa a responder com mais clareza. Em meio a um cenário de contrastes na saúde infantil brasileira — onde a desnutrição convive com o avanço da obesidade — cresce o interesse por estratégias que ajudam a garantir o desenvolvimento saudável das crianças. Uma delas é a suplementação nutricional, prática que tem ganhado espaço entre famílias, pediatras e nutricionistas.
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Mas afinal, toda criança precisa suplementar? Quais nutrientes realmente fazem diferença? E até que ponto o uso de vitaminas e minerais é respaldado pela ciência ou pode ser apenas uma tendência do mercado?
A discussão é urgente. Dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2024) revelam que, apesar de avanços, a anemia e a deficiência de micronutrientes ainda afetam milhares de crianças brasileiras, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Ao mesmo tempo, o país enfrenta um aumento expressivo nos casos de sobrepeso e de obesidade infantil, impulsionado pelo consumo excessivo de ultraprocessados e pela redução da atividade física.
Diante desse panorama, especialistas defendem uma abordagem equilibrada: nem alarmismo, nem negligência. A suplementação pode ser uma aliada, desde que usada com critério, orientação profissional e foco na prevenção.
A seguir, uma curadoria com os principais mitos e verdades sobre o tema, com base em evidências científicas e na realidade da vida moderna, feita pela Beatriz Duarte, nutricionista da Trustfuel, marca especializada em suplementação alimentar:
1. Toda criança saudável precisa suplementar?
Nem sempre — mas muitas podem se beneficiar.
A alimentação ideal nem sempre acontece. “Mesmo quando os pais se esforçam, é comum que a criança tenha fases de seletividade alimentar, especialmente entre 2 e 7 anos”, explica a nutricionista Beatriz Duarte, da TrustFuel. Nesses períodos, vitaminas como D, C e zinco podem atuar como aliadas da imunidade e do crescimento.
2. Suplementos devem ser usados só em caso de deficiência?
Nem sempre. Prevenção também é um critério.
“A ideia de que só quem está doente ou carente em nutrientes deve suplementar é ultrapassada”, diz a especialista. “Hoje, com base em exames e estilo de vida, muitos profissionais avaliam que a prevenção, e não apenas a correção, pode justificar o uso de suplementos seguros.”
3. Suplementos em goma são só modinha?
Pelo contrário, ajudam na adesão e têm respaldo técnico.
Fórmulas mastigáveis ou em goma têm alta adesão entre crianças, o que garante continuidade no uso — um fator essencial para bons resultados. “Há hoje gomas formuladas com padrão farmacêutico, sem açúcar, corantes artificiais ou excesso de ingredientes”, afirma Duarte. O formato também evita engasgos, facilita a rotina das famílias e tem a grande vantagem de aumentar a adesão por conta do sabor e da consistência.
4. Os pais podem escolher o suplemento por conta?
O ideal é conversar com um nutricionista ou pediatra.
Apesar de muitas fórmulas infantis serem seguras e vendidas sem prescrição, especialistas recomendam ao menos uma orientação inicial com um profissional. “O que vale é o equilíbrio: nem excesso, nem negligência”, resume a especialista.
5. Suplemento substitui alimentação saudável?
Não, mas pode complementar com inteligência.
Suplementos não devem ser vistos como substitutos de frutas, vegetais ou refeições balanceadas. Mas, como reforça a nutricionista, “eles podem preencher lacunas importantes e ajudar a criança a crescer com mais saúde e disposição.”
6. A vitamina D é realmente tão importante assim?
Sim e por mais de um motivo.
A vitamina D é essencial na infância, especialmente por seu papel na formação e no fortalecimento dos ossos e dentes, já que participa da absorção de cálcio e fósforo. Mas seu impacto vai além da saúde óssea: pesquisas recentes também destacam sua importância para o sistema imunológico, ajudando a proteger as crianças contra infecções, vírus e bactérias.
Apesar de a principal fonte de vitamina D ser a exposição solar, muitas crianças hoje passam a maior parte do tempo em ambientes fechados, com pouco contato com a luz natural. Isso tem levado a uma frequente necessidade de suplementação, especialmente quando a exposição ao sol não é suficiente ou não ocorre de forma segura e regular.
“É importante lembrar que a exposição solar diária, nos horários adequados e com orientação médica, costuma ser suficiente para manter bons níveis de vitamina D”, reforça Duarte. “Porém em casos de baixa exposição ou risco de deficiência, a suplementação pode ser indicada.”
Para profissionais da saúde e famílias que buscam diretrizes confiáveis, o Manual de Aspectos Nutricionais em Situações Especiais na Infância e Adolescência, publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é uma ferramenta valiosa. A obra reúne orientações detalhadas sobre nutrição em diferentes contextos clínicos e sociais, incluindo deficiências nutricionais, alergias, vegetarianismo e muito mais.
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