Morador de rua lutou para evitar enterro de esposa como indigente

Publicado em 21/12/2016, às 10h10

Redação

O cearense Cláudio Oliveira e a esposa Ana viveram juntos por 22 anos nas ruas de Fortaleza. No entanto, a relação do casal não deu ao homem de 48 anos o direito legal de reconhecer o corpo da companheira, que morreu há quatro meses.

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De acordo com reportagem de Thays Lavor, da BBC Brasil, a perda levou Cláudio a lutar contra o tempo em busca de poder sepultar a mulher, que não tinha documentos. Ele teve menos de uma semana para reclamar o corpo e provar que era companheiro de Ana.

"Ela era casada, mas nos casamos de novo, na rua. Todo mundo aqui conhecia a gente. De repente ela foi embora, sumiu - quando soube dela, já tinha morrido. Andei muito, fui, voltei, meus pés ficaram inchados de tanto andar. Passei em todo canto para não deixá-la ser enterrada como indigente", contou o cearense.

A batalha de Cláudio representa um problema crítico no Brasil: o da identificação da população em situação de rua. Em 2015, o Brasil tinha 101,8 mil moradores pela ruas das cidades, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Deste número, 40% não têm documentos de identificação.

Além de serem invisíveis no dia a dia, os moradores de rua acabam sem os seus direitos na hora da morte. Sem identificação, eles são enterrados como indigentes em cemitérios públicos.

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