MPF-AL aponta problemas durante inspeção em escola municipal no Clima Bom

Publicado em 03/09/2025, às 13h50
Registro de parede mofada feito pela equipe do Ministério Público Federal durante a inspeção - Divulgação / MPF-AL

TNH1 com MPF-AL

O Ministério Público Federal (MPF) realizou, nesta terça-feira (2), mais uma inspeção em escola da rede municipal de Maceió que oferta a Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI). O objetivo da visita foi verificar as condições de funcionamento, estrutura e apoio pedagógico da Escola Municipal Hévia Valéria Maia Amorim, localizada no bairro Cidade Universitária.

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Segundo o MPF-AL, durante a inspeção, foram observadas condições estruturais, pedagógicas e de apoio ao estudante. A escola conta com laboratório de informática com dez computadores e acesso à internet, mas sem professor específico para orientar os alunos. Todas as salas possuem ar-condicionado funcionando, e a merenda escolar foi elogiada pelos alunos, embora tenha sido registrada a ausência de frutas no cardápio. O funcionamento do conselho escolar também foi apontado como aspecto positivo, com reuniões periódicas realizadas conforme cronograma.

Por outro lado, diversas fragilidades chamaram atenção. A unidade não possui acessibilidade, mesmo com muitos alunos idosos; no turno da noite, a biblioteca permanece fechada na maior parte do tempo e foi encontrado cheiro de mofo no espaço. Nos banheiros, há falta de assentos, portas quebradas, ausência de papel higiênico e lixeiros, além de reclamações de forte odor. Também foram identificadas infiltrações, presença de mofo e relatos de problemas respiratórios entre os estudantes.

Na área de alimentação, verificou-se que a cozinha ainda utiliza botijões de gás, tendo sido encontrados dois em uso durante a visita. A despensa apresentava alimentos no chão, sem acondicionamento adequado.

 

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No aspecto pedagógico, a disciplina de Educação e Trabalho (Projeto de Vida) está sem professor. Além disso, a escola não possui material adaptado ou medidas específicas para atender estudantes com deficiência no período noturno, quando também não há atuação de assistente social ou psicopedagogo, por isso a sala de recursos de multimídias fica fechada à noite.

Atualmente, 272 alunos estão matriculados na EJAI da escola, mas pouco mais de 100 têm frequentado regularmente as aulas. A chegada de ônibus escolares novos – após atuação conjunta das instituições – contribuiu para a melhora da assiduidade. Entretanto, alunos reclamaram da falta de segurança no período da noite, o porteiro é servidor readaptado e não cobre todo o horário de funcionamento, deixando lacunas que expõem a comunidade escolar.

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Em conversa com os professores, foi relatado ao procurador regional dos direitos do cidadão, Bruno Lamenha, problemas de segurança no entorno da unidade, infraestrutura deficiente (ausência de acessibilidade, banheiros pequenos e sem abastecimento regular de água, piso irregular, cisterna sem revestimento e escadas desniveladas), além da falta de valorização docente.

“Reivindicaram a presença de vigilância para garantir a segurança, funcionamento da sala de AEE também no período noturno e implantação de políticas específicas para estudantes da EJAI com deficiência, como o PAE, bem como o fortalecimento de programas de saúde na escola durante a noite”.

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Outro ponto de destaque dos professores foram as dificuldades em lidar com adolescentes envolvidos em situações de risco social, e os problemas de saúde mental entre docentes, alem da ausência de formações voltadas ao manejo do estresse.

Para o procurador, “cabe à Semed adotar medidas urgentes para sanar falhas de infraestrutura, garantir segurança, assegurar acessibilidade, ampliar políticas inclusivas e de saúde no EJAI e investir em valorização e bem-estar dos professores”.

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Bruno Lamenha ressaltou que apesar dos muitos elogios dos alunos, a situação encontrada na escola é reflexo das barreiras enfrentadas pela Educação de Jovens, Adultos e Idosos em Maceió.

“Encontramos pontos positivos, como a melhoria da frequência dos alunos com a chegada dos ônibus e o esforço dos profissionais que se dedicam ao dia a dia da escola. Mas também constatamos problemas sérios, como a falta de acessibilidade e os problemas estruturais. Nosso papel é acompanhar de perto essa realidade e cobrar providências do município para garantir que jovens, adultos e idosos tenham acesso a uma educação de qualidade e em condições adequadas, como assegura a Constituição”.

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A reportagem procurou a Prefeitura de Maceió e a Secretaria Municipal de Educação. Leia a nota na íntegra:

"Reafirmando seu compromisso com o direito à educação, a Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed) informa que a Escola Municipal Hévia Valéria Maia Amorim está incluída, como prioridade, em seu calendário de manutenções, reformas e readequações.

Também estão previstas convocações de docentes e demais profissionais, via PSS, para atender as demandas da unidade escolar.

A Semed segue trabalhando diariamente, com o compromisso permanente de melhorar a oferta educacional para todos os estudantes da rede pública municipal".

A inspeção realizada pelo MPF integra a atuação conjunta do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Defensoria Pública do Estado (DPE), que acompanham a situação da EJAI ofertada pelo município de Maceió com o objetivo de assegurar o direito à educação de jovens, adultos e idosos com qualidade e condições adequadas.

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