Redação
O Ministério Público Federal (MPF) está cobrando explicações sobre a morte de dois peixes-boi marinhos no rio Tatuamunha, em Porto de Pedras , ocorrida em agosto deste ano. Por meio de ofícios enviados ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (ICMBio/CMA) e ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), o órgão requisitou laudos de necropsia, relatórios sobre a qualidade da água e detalhes das medidas adotadas para prevenir novas ocorrências.
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Os animais mortos, Netuno e Paty, viviam em um recinto de aclimatação mantido pelo ICMBio na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. A denúncia partiu da Associação Peixe-Boi, entidade que atua na região e relatou a comoção provocada pelo caso entre moradores e ambientalistas.
Um relatório técnico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) apontou contaminação da água por herbicidas agrícolas — ametryn e prometryn —, substâncias com uso exclusivo em lavouras de milho e cana-de-açúcar. Também foram identificados níveis elevados de turbidez, ferro e fósforo, além de resíduos de compostos orgânicos como tolueno e etilbenzeno. O MPF considera os dados alarmantes e determinantes para aprofundar as investigações sobre possíveis impactos ambientais e responsabilidades.
Embora os exames ainda não indiquem a causa exata das mortes, o MPF considera urgente esclarecer os fatos e evitar a repetição do ocorrido. O terceiro peixe-boi do grupo, Assu, foi transferido para uma base do ICMBio em Itamaracá (PE) e está em recuperação.
A procuradora da República Juliana Câmara destacou que o episódio reforça a necessidade de articulação entre poder público, sociedade civil e setor produtivo na proteção da fauna marinha. Segundo ela, entender o que causou a morte dos animais é essencial para preservar não apenas a espécie, mas todo o equilíbrio ecológico do rio Tatuamunha.
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