Os extremistas de hoje em dia são mais parecidos do que aparentam

Publicado em 14/09/2025, às 12h00

Flávio Gomes de Barros

Texto de Helena Landau:

"Pesquisa recente da Genial-Quaest revelou o que a gente já suspeitava: o descrédito dos brasileiros nas instituições. Só saíram bem na foto a Igreja Católica, a polícia e as forças armadas, seguidas pelos prefeitos e os bancos!

 

Sim, a Faria Lima pontua melhor que o presidente da República.

Isso se reflete nas redes, nas conversas de zap, nas reuniões familiares onde domina o desânimo. A impotência frente à polarização, alimentada como estratégia de permanência no poder, vai gerando apatia.

Nos extremos de hoje estão os soberanos e os patriotas. São mais parecidos do que querem fazer crer: a mesma agressividade no debate e até mesmo no slogan. O 'Brasil dos brasileiros' e 'O Brasil acima de tudo' ecoam o 'Ame-o ou Deixei-o' dos tempos da ditadura.

 

De um lado bandeira americana, do outro a cooperação militar com a China. Mas, a população quer saber se vai voltar para casa viva e, de preferência, com celular no bolso, se os sindicatos vão ser punidos e sua aposentadoria devolvida ou o tamanho da fila do SUS.

Nem o julgamento de Bolsonaro parece estar comovendo. Dizem que é porque já se sabe o final (o ex-presidente foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira, 11, a 27 anos). Vai ver é descrédito mesmo. Decisões monocráticas suspenderam multas e delações de corruptos confessos, talvez no futuro aconteça o mesmo com a delação de Mauro Cid e Bolsonaro volte à política.
 

A pesquisa revela o crescente descrédito no Judiciário. A diferença entre os que confiam e não confiam no STF caiu de 16 pontos em agosto de 2022 para apenas 3. Só a própria Corte pode reverter essa tendência, ouvindo mais e reagindo menos.

Nem sempre a democracia morre por um ataque frontal. Ela pode ir sendo comida pelas beiradas. O fato de os entrevistados confiarem mais nas Forças Armadas do que no Executivo e no Congresso é preocupante. Desde o Mensalão, que a relação entre Executivo e Legislativo vem se deteriorando. A crise das emendas não deveria surpreender.

Do Congresso não vem notícia boa. A pauta é de ataque às agências reguladoras e à lei da Ficha Limpa. Para nossos parlamentares, as instituições devem estar submetidas ao interesse particular, seja para garantir — mais — impunidade ou ajudar o amigo do momento. Não à toa, os partidos políticos são os mais mal avaliados da pesquisa.

Perdem até para juízes de futebol. Não se sabe o que define cada um deles, oposição e situação mudam de ideia conforme a conveniência do momento.

 

Ora são contra a autonomia do Banco Central, ora a favor, e vice-versa, mas sempre unidos na farra fiscal.

Como dizia o mestre Veríssimo: O futuro era melhor antigamente."

 
 
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