Pacificação no pós-eleição ficou só no discurso politicamente correto

A tão apregoada pacificação entre vencedores e vencidos após as eleições foi letra morta, ficou apenas na retórica. Não passou do discurso do politicamente correto.

Se em nível nacional o presidente Jair Bolsonaro isolou-se, não se pronuncia e evita até cumprimentar o presidente eleito Lula, muitos dos seus simpatizantes saíram às ruas e rodovias colocando suspeição na vitória do PT e cobrando uma improvável intervenção militar.

Em Alagoas, a primeira-dama de Maceió, Marina Candia, disse ter vivido “momentos aterrorizantes” na madrugada de segunda-feira, com discursos do senador eleito Renan Filho, do governador Paulo Dantas e deputado federal eleito Rafael Brito.

Pelo Twitter, ela desabafou:

“Eu e a minha família acabamos de receber ameaças do Renan Filho e Paulo Dantas, em frente à minha casa, às 02:51 da manhã. Estou com minha bebê de 1 ano, que chorou por 60 minutos seguidos, enquanto ele nos ameaçava. Foram momentos mais aterrorizantes de minha vida. Peço que Deus guarde minha família de todo mal.”

Em um vídeo que está circulando desde ontem nas redes sociais o senador eleito Renan Filho faz um forte discurso, em cima de um trio elétrico, contra o prefeito JHC e o pai dele, ex-deputado João Caldas, com ofensas pessoais, mas sem caracterizar ameaças.

Outro incidente ocorreu na tarde de ontem, no Aeroporto Zumbi dos Palmares, entre João Caldas e o senador Renan Calheiros, ainda como conseqüência do ocorrido na madrugada em frente ao prédio do prefeito JHC.

Um dos preceitos básicos em política é os vencedores respeitarem os vencidos e estes, por sua vez, reconhecerem a derrota.

Até porque os vencedores de hoje podem ser os vencidos de amanhã. E vice versa.

Na prática essa teoria está sendo outra.