O Tempo
O padre mineiro Márlon Múcio, de 52 anos, voltou a deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em São José dos Campos, no interior de São Paulo, após passar mais 14 dias internado. O religioso estava hospitalizado desde o dia 3 de outubro em decorrência de complicações relacionadas à traqueostomia. Ele sofre de uma doença rara chamada Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD), condição que afeta cerca de 15 pessoas no Brasil e aproximadamente 350 em todo o mundo. Como parte do tratamento, ele precisa tomar diariamente 315 comprimidos.
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"Voltei pra casa, família amada. Depois de 14 dias na UTI, finalmente tive alta hospitalar! Estou sem dor. Tudo isso é um milagre! Trago comigo novas cicatrizes no meu corpo, que são novas assinaturas do Deus eterno", publicou o religioso em suas redes sociais na noite desta quinta-feira (16/10).
Múcio estava internado após a quebra da traqueostomia. Na unidade de saúde, ele recebeu um novo modelo, mas não conseguiu se adaptar, o que o levou à internação na UTI. Na época, o padre relatou sentir dores e enfrentar dificuldades para respirar. "Não saio curado, saio cuidado. E é nesse cuidado que o 'Milagre Vivo' continua", completou.
O religioso também esteve internado em setembro deste ano. Ele recebeu alta da UTI no dia 22, após permanecer internado por oito dias. No início do mês anterior, já havia passado 11 dias na UTI devido a fortes dores. O padre chegou a receber alta no dia 11 de setembro, mas, apenas quatro dias depois, precisou ser internado novamente, em 15 de setembro.
O padre
O religioso nasceu em Carmo da Mata, na região Centro-Oeste de Minas. Desde a infância, ele teve que lidar com feridas pelo corpo. Ao completar sete anos, sofreu os primeiros sintomas da doença e teve a perda da audição. Na ocasião, ele passou por uma cirurgia corretiva, mas, quando completou 14 anos, começou a sentir dificuldade para mastigar.
O padre só teve o diagnóstico correto da doença aos 45 anos, quando já havia iniciado sua vida religiosa. Até então, ele e a família se submeteram a tratamentos para condições que não possuía. Em 2010, a saúde de Márlon piorou e ele passou a utilizar um respirador 24 horas por dia. O equipamento tinha o objetivo de auxiliar no controle da falta de ar e da fadiga.
A "luta pela sobrevivência", como definida por ele, foi tema do filme "Milagre Vivo", que conta a história do padre e o enfrentamento da doença. No filme, ele relata que utiliza 281 comprimidos por dia para enfrentar os sintomas da RTD. Devido à sua condição, ele fundou um hospital para pessoas com doenças raras em Taubaté, no interior de São Paulo.
A doença
A Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD) é uma doença genética rara e progressiva que afeta os neurônios motores e sensoriais, levando à fraqueza muscular, dificuldade para enxergar, ouvir e engolir, além de insuficiência respiratória. Ela ocorre devido à falta de uma proteína responsável por transportar a riboflavina (vitamina B2) para dentro das células, nutriente essencial para o metabolismo.
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