Paella sob as luzes da cidade

Publicado em 24/01/2017, às 09h39
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Redação

Quem mora nas alturas de Maceió tem o privilégio de flertar com a nossa cidade iluminada. Mas nem  sempre precisa ser  no alto esse encontro com as luzes. Encontrei um pequeno quintal decorado com minis lâmpadas, formando um varal de pequenas estrelas.  E fiquei imaginando que, quando a lua cheia aparecer neste lugar batizado de Café do Manollo, é mesmo para se apaixonar.

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Contudo, o melhor está por vir. No Café  Manollo tem uma cozinha instigante, com sabores da culinária tradicional da Espanha, como a paella, até a contemporaneidade das berinjelas fritas com fios mel de  engenho e flor de sal.

Café  do Manollo, muita gente já conhece este endereço -depois do antigo Colégio Batista, é só seguir em frente  até encontrar a graciosa casa –. O local já foi a Agência de Publicidade de Manoel Araújo, amigo da velha guarda do curso de Comunicação da UFAL. Certa vez, encontrei Manoel estagiando no Sur (Casa Cor) e confesso que nem acreditei, porque o rapaz respirava marketing na época da faculdade.

Pão com tomate, azeite, flor de sal e fatias de jamon (presunto de porco) e o charme da lamparina

Pois bem, Manoel é o Manollo, chef formado pela Escuela de Hostelaria Hofmann na Espanha, mas as façanhas dele  deixarei para o final, no cafezinho. Agora, vamos decifrar a cozinha do chef, uma grata surpresa no cenário alagoano.

Paella marítima, uma das estrelas do Café Manollo

Do mar – A paella é marítima, tradicional da Espanha, e é uma das estrelas da casa. O arroz arbóreo é cozido no caldo de peixe (produção da casa) com polvo, camarão, mexilhão, lula e os temperos da iguaria, a exemplo de açafrão e pimenta. O prato é bem servido, com uma boa quantidade de camarões. Merece aplausos.

Mar Negro: camarões na papa de feijão preto

Negro – O feijão preto virou pasta, bem temperado,  e vem com camarões grelhados. Boa combinação do prato batizado de Mar Negro. Para agregar mais sabor, tem o chutney de pimenta, agridoce e refrescante.

Ceviche de tilápia, a novidade é o molho agridoce

Agridoce – O ceviche, prato tradicional do Peru, recebeu intervenções doces, um pouco de açúcar e sumo da lima da pérsia e do limão siciliano. Eu escolhi o nosso peixe tilápia, e gostei muito. Quem está acostumado com o clássico peruano, talvez estranhe o molho adocicado.

Berinjela crocante com fios de mel de engenho e flor de sal

Da Terra – Não dava nada pela berinjela. Jamais imaginei que o simples legume podia um dia ser rei. Estamos acostumados a comer a berinjela sempre na versão de patê. Mas com Manollo, as lâminas do legume são crocantes e os riscos de mel e grãozinhos de flor de sal enobrecem a receita. Sabores maravilhosos ao céu da boca.

Eu pedi bis, aliás, quando eu voltar, quero uma porção inteira só para mim.

Chef Manollo trocou a publicidade pelas panelas

Quem é – Manoel  nasceu em Maceió. Seu pai, Luiz Araújo, é de Pindoba. Sua mãe, dona Cordélia, é de Cajueiro. Ele descendente de Árabe, ela de Português. Em comum na família, a mesa farta de guloseimas para reunir os filhos. Na casa de Manolo, comer sempre foi um ato sagrado. Na sua infância e adolescência, ninguém podia faltar à mesa. Nessa época, eles moravam em Palmeira dos Índios. Manolo era fã do pirão cozido da dona Cordélia.

Manolo foi criado com a melhor cozinha nordestina. Contudo, seu primeiro despertar profissional foi na publicidade, com a agência Araújo Propaganda, que funcionava onde é hoje o Café Manolo. Mas, sempre gostou de cozinhar para o prazer da família e amigos. Ele fez curso  no Senac e um belo dia resolver estudar gastronomia na Espanha, onde se formou e trabalhou em vários restaurantes do país.

O licor de jenipapo da dona Cordélia, sabor de família

De volta ao Brasil, seguiu para a cidade de Vitória (Espirito Santo).  Lá, ele começou a labuta de chef por acaso, coisas do destino. Manoel aceitou o primeiro de muitos convites para fazer jantar em residências e assim ficou famoso. Até ganhou a Comenda Júlio Bitencourti, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, como um dos chefs relevantes da capital do estado, proposto pela deputada estadual Luzia Toledo.

Como se diz, “O bom filho à casa torna”, Manoel trouxe na bagagem para Maceió o seu bistrô de comidas mediterrâneas, muitos frutos do mar, legumes, azeites, tradições e inovações. O  chef comanda a pequena cozinha do Café Manollo com sua equipe, que vem surpreendendo o nosso paladar.

E o jardim com as luzes da cidade é o tempero aos nossos olhos.

O charme do Café Manollo

Rota Café Manollo.

Preços: entradas a partir de R$7,50 até R$23,90/ Prato principal: R$ 35,00 (individual) até R$ 78,00 (para dois), mas se pedir entrada, dá bem para três pessoas.Aceita-se cartões

A casa tem uma boa adega de vinhos espanhóis, franceses, italianos, brasileiros, além dos espumantes e cervejas artesanais

Funciona de quarta a partir das 17h/ Quinta a sábado, a partir das 19h/ Domingo das 12h até às 16h

Av. Aristeu de Andrade, n° 546, Farol (depois do antigo Colégio Batista, é só seguir em frente) Telefone: (82) 3027-1546

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