Papa Francisco canoniza religioso por milagre realizado na Amazônia

Publicado em 20/10/2024, às 13h51
Foto: Daniel Marenco/FolhaPress -

Uol

O papa Francisco proclamou 14 novos santos neste domingo (20), durante a Missa na Praça de São Pedro. Entre eles, está o italiano José Allamano, religioso fundador da congregação dos Missionários da Consolata, canonizado por um milagre na Amazônia.

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O milagre atribuído à intercessão de Allamano ocorreu em 1996 na floresta amazônica brasileira, no estado de Roraima, onde Sorino, da etnia Yanomami, foi atacado por uma onça que feriu gravemente a sua cabeça, abrindo-lhe o crânio. Ele foi socorrido pelas missionárias da Consolata e transportado para o Hospital de Boa Vista. As religiosas pediram sua recuperação ao fundador deste instituto missionário, o padre Allamano.

Sorino recuperou a saúde em poucos meses e atualmente vive, sem sequelas, em sua comunidade indígena na Terra Indígena Yanomami.

Giuseppe Allamano nasceu em 1851 no Piemonte, norte da Itália, e morreu em 1926 na mesma região. Foi um missionário que nunca partiu da Itália, mas incentivou a participação dos sacerdotes em missões, principalmente no Quênia, na África, e no Brasil - onde seu nome foi traduzido para José.

O religioso foi proclamado beato em 1990 pelo Papa João Paulo II.

Ataque de onça

O indígena Sorino estava caçando com um grupo na floresta, armado de arco e flechas, quando foi ferido por uma onça-pintada que, segundo relatos, estava acompanhada por filhotes. A felina atacou por trás, arrancando parte do couro cabeludo do homem e abrindo sua cabeça. O grupo de caçadores Yanomami tentou socorrê-lo e, devido à gravidade dos ferimentos, pediu ajuda às religiosas que viviam as proximidades.

Felicita Muthoni, de origem do Quênia, foi a primeira missionária a dar assistência. "Um dos indígenas veio me chamar porque o seu cunhado havia sido ferido por uma onça. Quando cheguei na aldeia, havia um homem estendido no chão de terra sobre uma poça de sangue", contou ela, à RFI. "O crânio dele estava aberto e pedaços de cérebro para fora. Com delicadeza, limpei com água, coloquei os pedaços do cérebro no crânio, e amarrei o seu couro cabeludo com o único tecido que eu tinha, minha blusa", disse a missionária.

A irmã Felicita contou que os indígenas acreditavam que Sorino não sobreviveria e houve relutância por parte dos líderes Yanomami sobre levá-lo ao hospital. "Os pajés me diziam que se Sorino morresse fora da aldeia, não encontraria nunca mais seus antepassados. A porta ficaria fechada ao seu espírito. No final conseguimos convencê-los que havia chances dele sobreviver", lembrou. "O tempo todo eu rezava a Deus e pedia que José Allamano nos ajudasse". 

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