'Perdi minha filha para o ódio': família se despede da menina morta em ataque a escolas em Aracruz

Publicado em 26/11/2022, às 16h41
Selena Sagrillo é uma das vítimas do ataque em Aracruz | Foto: Reprodução -

G1

Aos prantos, a mãe de de Selena Zagrillo, de 12 anos, morta no ataque as escolas em Aracuz, no Espírito Santo, disse que perdeu a filha para o ódio. "A minha filha sempre foi luz e amor, e eu perdi a minha filha para o ódio". Selena estava no 6º ano e estudava na escola particular que foi invadida por um atirador nesta sexta-feira (25). A mãe, Thais Sagrillo Zucoloto, contou que a menina estudava seus últimos dias na unidade, porque iria se mudar para a Bahia com a família. A mãe, não estava no Espírito Santo no dia do crime.

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"Não sei como eu vou seguir sem ela. Perder um filho é uma dor que ninguém está preparado. Nenhuma mãe, nenhum pai. Só Deus pra me dizer como eu vou seguir de agora em diante", desabafou a mãe de Selena. O corpo da vítima foi velado neste sábado na cidade. A cerimônia foi marcada por comoção de amigos, familiares e moradores que se chocaram com o crime.

Durante a noite, moradores acenderam velas e colocaram flores e cartazes em homenagem às vítimas em frente as escolas Primo Bitti e Centro Educacional Coqueiral, onde Selena estudava. O corpo da menina chegou ainda durante a madrugada na capela mortuária de Coqueiral de Aracruz.

A empresária Tamiris Fanttini Sagrillo, tia de Selena, foi a primeira pessoa da família a chegar à escola após o ataque. Do portão, ela gritava por respostas. "Quero agradecer principalmente a ação da polícia, por ter agido tão rápido e ter prendido o sujeito, e só quero pedir justiça pela minha sobrinha que é tão amada. A dor que ele causou ele tem que pagar", falou a tia de Selena.

O bairro Coqueiral é conhecido pela tranquilidade. Moradores que vivem na região há décadas relataram que chegam a ficar em casa com portas abertas, mas que viram a tranquilidade ser interrompida por momentos de terror nesta sexta. "A gente vê na televisão mas a gente nunca acha que vai acontecer no lugar que a gente mora. A comunidade tá toda comovida, eu nem sei nem o que dizer, gente, porque é muito triste", disse a executiva de negócios Rosiane Demarchi Lyra, moradora de Coqueiral.

Boa aluna, Selena havia acabado de receber um certificado pelo bom desempenho na escola. Entre os moradores, a menina era conhecida pela simpatia. "Uma gracinha de menina, meiga, com tudo pela frente, tadinha. Está sendo muito triste para todo mundo. Coqueiral está em luto", declarou a aposentada Dalva Lyra, moradora de Coqueiral.

Com um abraço coletivo, familiares e amigos de Selena tentavam buscar forças, um nos outros, e um pouco de paz e conforto, depois de um episódio que não será esquecido por eles e que impactou a sociedade. "Já chega de tanto ódio gratuito. Minha filha não fez nada. E quantas outras mães estão na mesma situação que eu? Quantas outras vítimas em escolas a gente vai ter? A gente precisa de amor agora, e de paz", clamou a mãe de Selena.

Além de Selena Zagrillo, morreram nos ataques as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos de 48 anos, conhecida como Peinha, e Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos. Além dos três mortos, outras 13 pessoas ficaram feridas no atentado. Até o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo, na manhã deste sábado, seis pessoas estavam internadas em hospitais estaduais, cinco das vítimas em estado grave, incluindo duas crianças.


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