João Arthur Sampaio e Eberth Lins
O sobrevivente de um atentado a tiros praticado por Albino dos Santos Lima, conhecido como o “serial killer de Maceió” e apontado pela Polícia Civil de Alagoas como autor de 18 assassinatos, prestou depoimento nesta sexta-feira (31) durante mais um júri popular que julga o réu. José Gustavo Carvalho, também viúvo de uma das vítimas do criminoso em série, relatou os momentos que antecederam o ataque a tiros e a tragédia que viveu em junho de 2024, no bairro da Ponta Grossa.
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Este é o quinto júri popular enfrentado por Albino, que desta vez responde pela morte de Tâmara Vanessa dos Santos, de 21 anos, e pela tentativa de homicídio contra Gustavo e a mãe de santo Leidjane. Segundo José Gustavo, eles estavam saindo de uma festividade em um terreiro de candomblé, religião da qual ambos eram praticantes, quando foram surpreendidos pelos disparos.
“Estávamos indo para a casa da mãe de santo. Paramos em uma praça por causa da chuva e estávamos a duas casas do local quando fomos surpreendidos por Albino dos Santos. Eu não consigo dizer porque eu mesmo não vi nada, eu apaguei. Quando voltei, já estava baleado”, contou.
Ele relatou que, segundo informações de testemunhas, a mãe de santo foi a primeira a ser atingida. “O primeiro a ser atingido foi a mãe de santo, com um tiro na cabeça. Levou três tiros, um nas costas, e uma bala ficou alojada no ombro. Tâmara levou quatro tiros na cabeça, creio que morreu no local. A Leidjane levou um tiro na cabeça e a população que conhecia a gente socorreu”, disse.
José Gustavo afirmou ainda que tomou conhecimento da identidade do atirador apenas após as investigações da polícia. “Não vi quem atirou. Tomei conhecimento a partir das investigações. A gente nunca foi envolvido com coisa errada, andava pelo certo. Não tenho envolvimento com drogas, ela também não, nem a Leidjane. A religião da gente não permite o uso de drogas”, declarou.
O sobrevivente também disse acreditar que Albino monitorava os passos de Tâmara. “Tomei conhecimento que ele seguia ela depois, sabia todos os passos. O que dificultou ele ter matado minha esposa antes foi o fato de a gente ter se mudado, porque ele não sabia o novo endereço”, acrecentou.
Planos destruídos
Tâmara e Gustavo se conheceram em 2021, na época da pandemia, quando ela veio do Mato Grosso para o conhecer melhor e decidiu ficar na capital alagoana. Recém-casados, Gustavo revelou ainda que havia uma suspeita de gravidez quando a mulher foi assassinada.
"Quando teve o acontecimento estava nessa suspeita [de gravidez]. Ainda não tinha uma confirmação. Ela trabalhava em uma lanchonete, que tinha perto da minha rua. O meu amigo, ele é sobrinho do dono, que era dono. Ela chegou em mim e disse que se arrumasse um emprego ficaria por aqui. E como eu já tava gostando dela, estava apaixonado", expôs.
"A gente se conheceu em junho de 2021 por aí. Aí ficou conversando de junho até dezembro, ela no Mato Grosso e eu aqui aqui. Aí no dia 24 de dezembro eu fui buscar ela lá na rodoviária. Aí passou o Ano Novo, eu consegui esse emprego e ela ficou. É isso, a gente já estava casado, se não fosse esse acontecimento aí, a gente estava junto até hoje, com filho e tudo", relembrou o viúvo.
Natural de Maceió, Albino dos Santos Lima ganhou notoriedade nacional após ser apontado como um dos cinco principais assassinos em série do Brasil.
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