Poeta americana Louise Glück surpreende e leva prêmio Nobel de Literatura

Publicado em 08/10/2020, às 13h48
Divulgação -

Walter Porto/Folhapress

A Academia Sueca anunciou que poeta americana Louise Glück foi a vencedora do prêmio Nobel de literatura deste ano, numa escolha surpreendente de um nome pouco cotado nas apostas para o troféu.

LEIA TAMBÉM

A escritora de 77 anos, professora da Universidade Yale, nos Estados Unidos, já venceu prêmios importantes em seu país, como o Pulitzer, o National Book Award e a Medalha Nacional de Humanidades.

O comitê do Nobel apontou que Glück levou o prêmio por sua "voz poética inconfundível que, com beleza austera, torna universal a existência individual".

Não há livros de Glück disponíveis no Brasil em tradução para o português.

A escolha parece sinalizar uma pacificação após os anos mais tumultuados da história da premiação.

Em 2017, um escândalo sexual fez tremerem as bases do comitê do Nobel e cancelou a entrega do prêmio no ano seguinte -foi a primeira vez que isso aconteceu por um motivo que não fosse uma guerra.

O pivô foi o fotógrafo Jean-Claude Arnault, condenado à prisão pelo crime de estupro após 18 mulheres o acusarem numa reportagem do jornal sueco Dagens Nyheter. Ele administrava com a esposa, a poeta Katarina Frostenson, membro da Academia Sueca, uma fundação cultural que recebia dinheiro da própria instituição.

O mesmo jornal fez a denúncia de que Arnault vazara informações sobre o vencedor do Nobel de literatura sete vezes em 20 anos. Vários integrantes da Academia se desligaram da instituição após a crise, incluindo Frostenson, levando à suspensão do prêmio por um ano.

Na cerimônia do ano passado, já com a adição de novos membros, o Nobel fez uma escolha que soou como provocação aos críticos.

Junto com Olga Tokarczuk, autora polonesa a quem foi concedido o troféu atrasado de 2018, anunciaram o nome de Peter Handke, escritor austríaco acusado de racismo e com notório posicionamento de negação do genocídio na Bósnia.

A Academia Sueca, fundada há 232 anos pelo rei da Suécia para proteger o idioma nacional, seleciona o vencedor do Nobel de literatura desde 1901. Outras instituições escandinavas selecionam os outros prêmios Nobel.

Dos 117 escritores escolhidos até hoje, apenas 16 foram mulheres, incluindo Glück. A única negra a vencer foi a americana Toni Morrison, morta no ano passado. O único homem negro premiado foi o nigeriano Wole Soyinka, em 1986.

O eurocentrismo também sempre marcou o Nobel de literatura e perdura ainda hoje. A maioria dos premiados da última década veio do continente europeu.

A França lidera a lista de nacionalidades, com 11 premiados, seguida pelos Estados Unidos, com dez. O último deles havia sido Bob Dylan, em 2016, outra das mais polêmicas escolhas do comitê sueco –já que o cantor e compositor é mais conhecido por suas músicas que pela autoria de livros.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Brasileira e italiano morrem após paraquedas se chocarem durante salto Corpo de médica é encontrado por funcionários dentro de freezer de loja Idoso atira no filho após reclamar de estar recebendo poucas visitas Brasileira que trabalha como babá em Portugal está desaparecida há 10 dias