Morte de esteticista: Polícia apura se há mais envolvidos em casos de violência em clínica de reabilitação

Publicado em 25/08/2025, às 09h05
Dono da clínica de reabilitação foi preso na sexta-feira, 22, em um motel, em Jacarecica - Reprodução / TV Pajuçara

TNH1 com TV Pajuçara

Depois de prender o proprietário de uma clínica de reabilitação em Marechal Deodoro na última sexta-feira, 22, a Polícia Civil de Alagoas quer avançar nas investigações para saber se há mais gente envolvida nas denúncias de abuso e violência contra pacientes que eram internados na 'comunidade terapêutica'.

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A informação foi divulgada pela delegada Ana Luiza Nogueira, que integra a comissão que investiga a morte da esteticista Cláudia Pollyane Faria de Santa'Anna, de 41 anos.

"Estamos nos debruçando em dois aspectos importantes. Primeiro, no inquérito original, que prendeu a companheira do proprietário pelos crimes de estupro e maus-tratos. E também pela morte da vítima, inclusive, pelas escutas que fizemos, já foram ouvidas mais de 30 pessoas no trâmite do inquérito policial, pelo laudo do exame cadavérico, muito embora estejamos aguardando ainda o laudo toxicológico, há indicativo de, no mínimo, um crime de homicídio culposo", detalhou Ana Luiza em entrevista, na manhã desta segunda-feira, 25, ao Balanço Geral AL, da TV Pajuçara/Record.

"E um outro fato que a polícia tem se debruçado, a reiteração de condutas nas dependências dessa clínica. Há relatos constantes de cometimento de crimes de tortura, maus-tratos, abusos físicos e psicológicos cometidos ali. Esse fato específico que a polícia está diligenciando no dia de hoje e toda a semana para ter um lastro probatório muito forte e proceder à responsabilização penal dessas duas pessoas que estão presas e, porventura, de outras pessoas ou quiçá funcionários que tenham de alguma forma contribuído para todas essas condutas delitivas", acrescentou.

A comissão que investiga o caso é composta pelas delegadas Ana Luiza Nogueira, coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), Liana Franca, titular do 17º Distrito Policial de Marechal Deodoro, e Maria Eduarda, da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

"É um caso muito grave. Inclusive, com indicativo muito forte de cometimento de crimes de estupro, de maus-tratos, de violência física, de violência psicológica reiterada nas dependências dessa clínica".

A delegada disse também que o proprietário, que foi preso em um motel, negou as acusações, mas que a polícia já tem material robusto na apuração.

"Sim, quando ele foi ouvido, negou a conduta. Mas isso é praxe, a grande maioria de diversos crimes, quando são ouvidos em sede policial, nega a conduta. Porém, isso não tem relevância nenhuma, pois já temos um lastro probatório muito forte nos inquéritos policiais, que são dois. Estamos investigando outras condutas que foram praticadas nas dependências da clínica".

Ainda de acordo com Ana Luiza Nogueira, cerca de 20 pessoas que estavam internadas na clínica em Marechal Deodoro já foram retiradas de lá pelos próprios familiares após repercussão do caso.

"Vejam que ele (proprietário) veio de São Paulo, já tinha, inclusive, indicativo de cometimento de crime de homicídio ocorrido naquela cidade. E também havia uma clínica com o mesmo modus operandi ocorrido aqui na cidade. Daí a gravidade dos fatos e a necessidade de, aqui em Alagoas, apurarmos essa conduta com muito rigor".


O caso - A família da esteticista Cláudia Pollyanne registrou, no dia 9 de agosto, um Boletim de Ocorrência para solicitar exames complementares após ter sido informada na Unidade de Pronto Atendimento de Marechal Deodoro, na região Metropolitana de Maceió, sobre hematomas no corpo da mulher, que morreu no sábado, 9 de agosto.

Ainda no sábado, o representante da clínica também registrou B.O. para informar o óbito às autoridades. A reportagem do TNH1 teve acesso aos dois boletins de ocorrência registrados junto à Polícia Civil.

No relato, o homem diz que a paciente teria entrado em surto de abstinência. Que ela teria sido medicada, jantado e ido dormir. "Ao amanhecer, um colaborador bateu na porta do quarto e foi informado por outras acolhidas que Cláudia Pollyanne não estava bem". O homem afirmou que a levou rapidamente para a UPA de Marechal Deodoro, onde foi constatado o falecimento dela. E que a família foi comunicada.

A família da mulher detalhou no boletim de ocorrência que, ao chegar na UPA, foi informada por uma assistente social e pelo médico de plantão que a vítima já estava em óbito há pelo menos 4 horas e que a Cláudia apresentava hematomas por todo o corpo e olho roxo.

De acordo com a delegada Liana Franco, titular do 17º Distrito Policial, depois da repercussão do caso da esteticista, a polícia passou a receber mais denúncias. Após o resgate de uma adolescente de 16 anos, também paciente da clínica, na noite da quinta-feira, 14, a proprietária da clínica foi presa. A menina contou aos policiais que teria sofrido abusos sexuais praticados pelo dono clínica, marido da proprietária.

Uma vítima contou à polícia que, nos nove meses em que ficou internada na clínica, sofreu abusos, foi dopada e que havia até um cachorro da raça pitbull nas dependências da 'comunidade terapêutica' como forma de intimidação.

O resultado do exame cadavérico feito no corpo da esteticista Cláudia Polllyane Faria de Santa'Anna, de 41 anos, apontou como causa da morte uma insuficiência respiratória aguda. O documento também revelou a presença de diversas lesões traumáticas no corpo da esteticista.

O proprietário da clínica era considerado foragido desde o dia 15 de agosto - data em que a polícia prendeu a esposa dele, que também é proprietária da clínica. Ele foi preso escondido em um motel, no dia 22 de agosto, em Jacarecica, Litoral Norte de Maceió.

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