Polícia Civil apreende mais uma cobra do estudante picado por Naja no DF

Publicado em 11/07/2020, às 15h44
PCDF/Divulgação -

Redação

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apreendeu, na manhã deste sábado (11), mais uma cobra do estudante que foi picado por uma serpente da espécie Naja, na última terça-feira (7). O animal estava escondido em um apartamento localizado no Guará, que seria de um amigo do jovem.

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Além da serpente da espécie Jiboia Arco-Íris, segundo o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Cabral, foi encontrada pele de uma serpente Surucucu, e diversos ratos que seriam criados "para servir de alimento ao animal", carcaça de tatu e pena de arara.

"Uma questão grave é que essa pele daqui é de sururuco, é uma serpente peçonhenta que só ocorre na Mata Atlântica e na Amazônia, nós estamos no Cerrado. Então, isso denota que o animal esteve aqui ou alguém que detém esse animal entregou de presente a pele a essa pessoa", afirma analista do Ibama.

Pele de cobra surucucu apreendida pela Polícia Civil no DF — Foto: Humberto Sousa/TV Globo

O analista ambiental do Ibama, Roberto Cabral explica que o animal tem documentação, no entanto, não tem respaldo da pessoa física que está em posse da Jiboia. Segundo ele, o animal estava sendo mantido de "forma inapropriada". "A condição que esse animal se encontra é uma condição inadequada. A caixa é muito pequena e o animal é muito grande, ele não consegue nem se esticar dentro da caixa, quanto mais se locomover."

Ao todo, os policiais apreenderam 18 serpentes no Distrito Federal, as outras 17 foram levadas ao Zoológico de Brasília. 

O Ibama orienta as pessoas que mantém animais silvestres ou exóticos de forma irregular podem fazer a entrega voluntária ao Ibama em todas as unidades do país. Segundo ele, a população também pode denunciar suspeitas de criação por meio da "Linha Verde", no telefone0800-618080.

Tráfico de animais silvestres

Na quinta-feira (9), após a apreensão de 16 serpentes em um haras na área rural de Taquara, na região de Planaltina, a Polícia Civil do DF revelou um suposto esquema de tráfico de animais silvestres pelo estudante de medicina veterinária.

De acordo com o delegado Ricardo Bispo, da 14ª Delegacia de Polícia do Gama, na casa do jovem, no Guará, foram encontrados objetos que indicavam que no local eram criadas outras serpentes. "A investigação revela um possível esquema de tráfico de animais. Vamos investigar a origem dessas cobras, como chegaram no Brasil", disse o delegado.

Três colegas dele, incluindo o jovem que teria abandonado a naja, na última quarta-feira (8), perto de um shopping, no Lago Sul, foram ouvidos pela 14ª DP, na sexta (10). Pedro Henrique deve prestar depoimento "assim que estiver em condições", já que segue internado em hospital particular do Gama.

O delegado afirmou que os jovens são de classe média e classe média alta e cursam medicina veterinária em uma instituição particular do Gama. A Faculdade Faciplac confirmou ao G1 que o Pedro Henrique estuda na instituição.

Na sexta-feira (10), o Ibama multou o jovem em R$ 2 mil, por criar a Naja sem autorização. Segundo a polícia, as investigações apontam que ele é o dono das serpentes.

Homem entrega cobras voluntariamente

Dono entregou duas cobras voluntariamente ao Ibama no DF — Foto: Ibama/Divulgação

Um homem entregou, na sexta-feira (10), voluntariamente duas cobras filhotes ao Ibama, após estudante ser picado por uma serpente da espécie Naja na última terça (7).

De acordo com o Ibama, o dono das cobras ficou sensibilizado com o caso de Pedro Henrique e decidiu entregá-las espontaneamente. Segundo o Instituto, o homem comprou as serpentes da espécie trimelosuros e jararacuçu, por meio das redes sociais.

Homem entrega duas cobras voluntariamente ao Ibama no DF — Foto: Ibama/Divulgação

Uma das cobras, da espécie trimelosuros, não existe na fauna brasileira, é natural da Ásia. Segundo o Ibama, a serpente tem o veneno letal, então não existe o soro antiofídico no Brasil, ou seja, um risco para quem for picado por ela.

O Instituto explica que o criador das serpentes não será penalizado, uma vez que entregou voluntariamente, o que é amparado pela legislação. As cobras foram entregues ao Zoológico de Brasília na sexta-feira, onde passam por exames clínicos.

As investigações da Polícia Civil do DF apontam que os animais teriam sido deixados no apartamento pelo amigo de Pedro Henrique Santos Krambeck Lehm, de 22 anos – "mesma pessoa que estaria vinculado à ocultação da Naja e das outras 16 serpentes apreendidas em um haras, na região de Planaltina".

Segundo a PCDF, o imóvel estava desocupado e sob a responsabilidade de um servidor público do judiciário – não teve a identidade revelada, que foi conduzido à 14ª Delegacia de Polícia, do Gama.

'Maus-tratos'

De acordo com o delegado da 14ª Delegacia de Polícia do Gama, William Andrade, a apreensão deste sábado gera "responsabilização criminal", uma vez que tentam esconder o animal. Ainda segundo a autoridade, o ato configurou maus-tratos a cobra, que estava em uma caixa.

"Sem condições de locomover, um espaço muito confinado, portanto, caracterização de maus-tratos", disse o delegado.

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