Polícia descarta crime e conclui que falhas sistêmicas contribuíram para explosão em fábrica

Publicado em 10/10/2025, às 13h49
Polícia descarta crime e conclui que falhas sistêmicas contribuíram para explosão em fábrica no Paraná - Corpo de Bombeiros

Carlos Villela / Folhapress

A Polícia Civil do Paraná concluiu que falhas sistêmicas na gestão de risco da empresa Enaex Brasil podem ter contribuído para a explosão que matou nove funcionários da fábrica de explosivos em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, em 2 de agosto.

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O inquérito foi concluído pela polícia e não foram constatados crimes culposos ou dolosos. Assim, a Enaex Brasil não poderá responder criminalmente por homicídio, já que a lei penal não permite responsabilizar pessoas jurídicas por esse tipo de crime. "No entanto, há a possibilidade de apuração de responsabilidade nas áreas trabalhista, cível e administrativa", afirmou a Polícia Civil, em nota.

Em nota, a Enaex disse que o resultado da investigação "indica apenas algumas hipóteses e não a causa raiz determinante".

"O trabalho de investigação deixa como legado o reforço das bases já existentes para a estrita observância dos padrões de segurança da companhia", diz o texto.

A empresa disse ainda que mantém contato, por iniciativa própria, além de intermediar tratativas por meio de advogados e da Defensoria Pública Estadual, para a negociação das indenizações.

O Ministério Público estadual recebeu o inquérito e deve se manifestar em até 15 dias.
A explosão ocorreu no interior do Edifício 44, uma dependência de 25 m² onde eram produzidos os boosters compostos por pentolite, substância formada a partir da mistura de nitropenta e trinitrotolueno (TNT).

A perícia apontou que a causa mais provável do acidente foi o atrito das pás do misturador com o pentolite parcialmente solidificado devido ao frio registrado naquela manhã. No horário da explosão, por volta das 5h50, a temperatura estava próxima de 3°C.

"A contribuição do frio foi exclusivamente para empedrar esse material nas bordas daquele reator e na parte superior do reator", disse a delegada Gessica Andrade.

Segundo ela, os processos eram verificados continuamente. "Aparentemente, [foi] um problema tanto na regulagem da temperatura quanto no torque do equipamento."

Ainda conforme a investigação, a unidade onde a explosão ocorreu operava com equipamentos antigos e apresentava sinais acentuados de corrosão. A dificuldade de controle térmico da mistura explosiva também era um problema recorrente.

Depoimentos de funcionários indicaram que a empresa adotava soluções paliativas em vez de resolver de maneira permanente os problemas estruturais da unidade.

O local ficou totalmente destruído. Nove funcionários morreram e outros sete ficaram feridos sem gravidade.

Além dos depoimentos, a apuração incluiu análise de imagens de monitoramento, relatórios técnicos e avaliação de denúncias feitas pelos próprios funcionários em uma plataforma interna da empresa, além de relatórios internos de acidentes.

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