Redação
Daniel Galdino Dias foi apresentado como autor da Chacina de Guaxuma (Crédito: Assessoria/Polícia Civil)
A Polícia Civil afirmou, nesta segunda-feira (14), ter esclarecido o crime que ficou conhecido como Chacina de Guaxuma, cometido no dia 8 de novembro, em Maceió, em que foram mortos o casal Evaldo dos Santos e Jenilza Oliveira Paz, e os filhos, Guilherme e Maria Eduarda. Uma criança sobreviveu.
Daniel Galdino Dias foi apontado como único autor do crime. Ele teria ido ao local para roubar Evaldo. Todos os outros suspeitos presos tiveram participação no crime negada pela investigação. Dois continuaram detidos, mas por envolvimento em outras ações criminosas.
De acordo com o delegado Cícero Lima, diretor de Polícia Judiciária Metropolitana, Evaldo estaria interessado em comprar um barco do irmão de Daniel. Ciente de que a vítima teria dinheiro guardado, o autor teria ido até a chácara onde a família morava e atraído a vítima com o argumento de que iria lhe apresentar o barco.
Em um local a cerca de 400 metros da residência da família, Daniel teria atacado Evaldo com um facão e o matado. O autor teria voltado até a casa para roubar o dinheiro e encontrou Jenilza, que também foi morta e teve as mãos amarradas, como foi encontrada pela polícia.
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As crianças chegaram a se esconder, mas foram encontradas pelo autor do crime depois que uma delas teria chorado. A menina mais velha e o mais novo foram mortos e o menino de cinco anos ficou vivo, após levar um golpe na cabeça.
Em seguida, Daniel teria arrombado um baú dentro da casa, mas a polícia ainda não sabe se ele localizou ou não o dinheiro.
Investigação
Em entrevista na manhã desta segunda, o delegado responsável pelo caso, Antônio Henrique, informou que apenas dois laudos são aguardados para a conclusão do inquérito. A investigação precisou ser prorrogada.
Ele fez uma retrospectiva do trabalho policial, começando pelo dia do crime, oito de novembro. O primeiro fato que chamou atenção dos policiais foi a localização de Evaldo, distante cerca de 400 metros da residência, o que denotava que a vítima foi atrás do agressor.
Inicialmente, foram apontados como suspeitos o antigo caseiro da chácara, dois irmãos identificados como Charles e Maicow, que já tinham envolvimento com crimes na região, e Jonatan dos Santos Morais, conhecido como Bagre.
Todos tiveram prisões temporárias decretadas pela Justiça, para que não fugissem e nem atrapalhassem a investigação.
Porém, para indiciar um autor do crime, a polícia precisou esperar o depoimento da testemunha-chave, o menino sobrevivente, que só foi ouvido após aval da psicóloga Aline Damasceno.
“Nós, como polícia, temos a visão de querer acelerar, mas demos carta branca à doutora Aline, para esse momento fosse decidido por ela. Nós tempos toda a técnica para ouvir pessoas maiores de idade, mas para uma criança, poderíamos estragar tudo”, declarou o delegado.
Polícia chega a autor
Daniel Galdino Dias foi identificado como suspeito do caso, mas inicialmente negou envolvimento e disse não ter ido ao local olhar os corpos. Ele chegou a apontar o nome do caseiro como autor do crime, mas logo a polícia descobriu fotos dos corpos em seu celular, apontando contradição.
No reconhecimento feito pela criança, foram apresentados 15 suspeitos. “Ela passou pela primeira e pela segunda sequências de cinco suspeitos como quem passa por pessoas que nunca teve contato na vida”, disse Antônio Henrique. Na terceira sequência, o menino não deixou dúvida quanto ao reconhecimento.
“Ele se agarra ao doutor José Carlos e começa a chorar. Ele sentiu uma emoção forte. Todos nós sentimos, no momento, inclusive o promotor. O MP não teve nenhuma dúvida”, conta.
Participaram do reconhecimento os promotores José Antônio Malta Marques e Malva Tenório. Com a identificação, Daniel foi preso e está agora no sistema prisional à disposição da Justiça.
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