Redação
Por Carlos Madeiro e Paulo Roberto Netto, no portal UOL:
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“O pedido de afastamento do governador Paulo Dantas (MDB) feito pela Polícia Federal abriu uma guerra de narrativas entre a corporação e Polícia Civil de Alagoas, que envolve a suspeita de uso político das instituições para atacar ou proteger o emedebista – o Superior Tribunal de Justiça decidiu mantê-lo afastado do cargo.
A ministra do STJ Laurita Vaz, que relatou o pedido de medidas contra o governador, cita na decisão que afastou Dantas que lhe causou ‘perplexidade’ o ‘atrevimento’ do delegado-geral da Polícia Civil alagoana, Gustavo Xavier, em ligar para os investigadores para ‘forçar uma ‘nova oitiva’ de uma testemunha fundamental para elucidar o caso e que tinha denunciado Dantas.
‘Não satisfeito com o insucesso de tentar que José Everton dos Santos Gomes fosse reinquirido pela autoridade Policial Federal, resolveu, ele próprio, fazer a inquirição, ocasião em que o depoente estranhamente desdisse suas declarações anteriores, em notório descompasso, repita-se, com todo o acervo potencialmente probatório da investigação’, disse a ministra, em decisão.
Everton é um policial militar aposentado que, segundo o relatório da PF, foi detido com R$ 32 mil e com cartões de contas de servidores da Assembleia Legislativa em Arapiraca (AL).
Ele teria afirmado à PF, em depoimento, que o dinheiro seria referente a um esquema de desvio de verba do salário desses funcionários, que teria Dantas (deputado estadual entre 2019 e maio de 2022) como chefe. A fala dele é determinante para acusar Dantas.
No relatório enviado ao STJ, a PF disse que é ‘fato notório’ que Xavier ‘goza de grande confiança’ de Paulo Dantas, o que abriu a hipótese de uma tentativa de interferência nas investigações.
‘A situação apresentada causou perplexidade por demonstrar possível uso da Polícia Civil de Alagoas na defesa de interesses escusos, gerando suspeitas quanto ao comprometimento da instituição em relação ao atual mandatário do governo de Alagoas’, disse a PF.
Apesar de não mirar especificamente o delegado, Laurita deixou a porta aberta para a PF apurar o caso, afirmando que o episódio ‘merecerá oportuna apuração’.
Em resposta, Paulo Dantas e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) alegam que a PF de Alagoas sofre com influência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e que a operação foi feita para prejudicar a campanha do governador.
Em entrevista ao UOL News na quinta-feira, Lira negou que tenha ingerência e disse que nem sequer conhece a nova superintendente da PF em Alagoas, Juliana de Sá Pereira, que tomou posse em agosto.”
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