Por que sofremos quando os animais são maltratados? A ciência explica

Publicado em 05/12/2018, às 22h56
Cachorro | Pixabay -

VEJA.com

Para alguns, pode parecer exagero. Mas as pessoas de fato sentem grande empatia por cães – mais até do que por outro ser humano. As recentes ondas de protestos contra a morte cruel de um cachorro em loja do Carrefour em Osasco são exemplo disso. Desde a semana passada, um vídeo mostrando imagens do animal com as patas traseiras feridas e marcas de sangue no chão da loja tem causado reações nas redes sociais; os comentários vão desde protestos de ativistas até boicotes à rede de supermercados.

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Aliás, esse não é o primeiro caso a provocar tamanho impacto. Em 2013, uma funcionária de uma loja Habib’s de Piracicaba expulsou um cachorro do estabelecimento e, como consequência, ele foi atropelado em uma avenida próxima ao local. A indignação pela morte do animal levou três mulheres a organizarem um protesto pelo Facebook contra a franquia. 

Esses casos comprovam o que diversos estudos já mostraram: existe grande sensibilização das pessoas quando o assunto é cachorro. Um estudo do ano passado – publicado na revista Society & Animals – , por exemplo, mostrou que as pessoas se sensibilizam mais a abusos ou agressões envolvendo cachorros do que aquelas que envolvem a nossa espécie. A única exceção se dá quando a situação com humanos incluem bebês: neste caso, o nível de empatia é mais alto.

Alta empatia
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores analisaram a reação de 240 estudantes de graduação a casos de espancamentos de cães e pessoas. Na primeira parte do estudo, os voluntários leram uma notícia fictícia cujas vítimas poderiam ser um cachorro (filhote ou adulto) ou um ser humano (um bebês de 1 ano ou um adulto de 30). Apesar de os textos serem parecidos, o fato de a vítima ser animal  – independente de ser filhote ou adulto – pareceu instigar maior empatia no participantes. A comoção para os caninos só foi menor quando a notícia envolvia bebês.

Outra pesquisa realizada em 2015 pela Harrison’s Fund chegou à conclusão semelhante. “Cães, sejam eles jovens ou adultos, são vistos como detentores das mesmas qualidades associadas a bebês humanos; eles são vistos como incapazes de se proteger totalmente”, explicaram, na época os pesquisadores. 

Via de mão-dupla
Um estudo publicado em julho no periódico Learning & Behavior concluiu que a empatia entre homem e cão é mútua, ou seja, da mesma forma que nos sensibilizamos com o sofrimento do animal, ele sente empatia quando estamos tristes. As cientistas do Macalester College, nos Estados Unidos, chegaram a este resultado depois de observar como 34 cachorros reagiam a duas situações: uma pessoas chorando ou cantarolando atrás de uma porta.

Segundo o estudo, os cães que ouviam o choro foram mais rápidos na hora de abrir a porta; já aqueles que ouviam o cantarolar abriram a porta por motivos não relacionados a empatia, como curiosidade ou desejo de contato social. A equipe ainda ressaltou que, no primeiro grupo, os animais se mostraram mais controlados emocionalmente porque sentiam que a ocasião requeria tal controle.

Tratamento de amor
Além da preocupação com o ser humano, os cachorros também podem representar uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde mental. Diversos estudos têm apontando que os animais podem ajudar no tratamento de transtornos mentais, como depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), além de aliviar o estresse e desestimular vícios. O mesmo vale para outros bichos de estimação.

“A presença de um animal de estimação pode ter um efeito de apoio e acalmar as pessoas. Acariciá-los pode induzir uma sensação de bem-estar, muitas vezes criando redução da pressão arterial. O calor do contato, a caminhada vigorosa do cachorro para manter a boa forma, tudo isso oferece aos donos presentes para os quais é impossível de definir um preço”, comentou David Cliff, um coach de desenvolvimento pessoal, ao The Independent.

Além de promover bem estar psicológico, o cachorro pode salvar vidas. Como? Muitos cães conseguem detectar câncer em seus donos. Este foi o caso da americana Stephanie Herfel, de 52 anos, que teve um câncer de ovário apontado por seu husky siberiano. De acordo com ela, o cão cheirou seu estômago e mostrou sinais de desconforto ao “enlouquecer e enrolar-se como uma bola atrás do armário”.

A explicação para a fascinante habilidade canina está relacionada ao cheiro das células cancerígenas, que exalam um odor específico. Apesar de não ser forte o suficiente para ser sentido pelo olfato humano, experimentos indicam que alguns cães realmente conseguem sentir o cheiro da doença. No entanto, os pesquisadores ressaltam que embora os animais tenham identificados amostras cancerígenas em laboratório, no mundo real ainda não é possível dizer o quão preciso ele pode ser.

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