Psiquiatra é preso por suspeita de estuprar pacientes no interior de SP

Publicado em 23/10/2025, às 14h57
Psiquiatra Rafael Pascon (centro) chega à delegacia ao lado de policial e de advogado - Reprodução

Folhapress

Um psiquiatra de 43 anos foi preso após pacientes procurarem a polícia para denunciar casos de estupro e importunação sexual no interior de São Paulo.

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Vítimas contaram à polícia que Rafael Pascon cometia os crimes no consultório, geralmente na consulta de retorno delas. Ele, que tem registro ativo no Conselho Regional de Medicina de São Paulo, tem uma clínica particular em Marília (SP) e também atendia em um Caps (Centro de Atenção Psicossocial) em Garça (SP).

Prisão preventiva do médico aconteceu nesta quarta-feira (22), quando ele foi à delegacia prestar esclarecimentos. A delegada Darlene Costa explicou que a prisão preventiva foi pedida para a segurança das vítimas e para que ele não suma com provas nem coaja testemunhas que ainda serão ouvidas.

Crimes aconteciam desde 2018, segundo o relato das vítimas. As primeiras mulheres ouvidas pela polícia contaram que o médico fazia perguntas de cunho sexual no meio da consulta e, ao fim, tentava dar beijos, "abraços mais acalorados" e até lambidas nelas.

"Acredito que com a prisão dele na data de hoje, mais vítimas comparecerão à delegacia, até porque elas vão ver que a Justiça funciona e vale a pena falar", afirma Darlene Costa, delegada.

Primeiras denúncias foram feitas por sete mulheres no meio do mês. Segundo a TV Tem, mais de 20 vítimas procuraram a polícia após a repercussão dos primeiros casos. A reportagem buscou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para saber o número exato de boletins de ocorrência abertos contra o médico, mas não recebeu resposta.

Defesa diz que o psiquiatra é inocente e que a decisão sobre prisão não foi razoável. Em nota, os advogados do médico afirmaram que a prisão preventiva é "extrema e absolutamente desnecessária" e afirmou que Rafael "se colocou à inteira disposição das autoridades" para esclarecimentos.

"Reafirmamos, de forma categórica, que o Dr. Rafael Pascon é inocente das acusações que lhe têm sido imputadas e que jamais se furtou à investigação. Até o presente momento, ele sequer foi formalmente ouvido, o que demonstra a total falta de razoabilidade na adoção de medida tão gravosa", afirmam José Luiz Mansur Júnior e Renan Scapinele Deróbio, advogados, em nota.

A reportagem buscou a Prefeitura de Garça para saber se alguma sindicância foi aberta. O Cremesp também foi procurado para saber se há alguma investigação ativa contra o médico. O espaço segue aberto para manifestação e será atualizado se houver posicionamento dos órgãos.

COMO DENUNCIAR VIOLÊNCIA SEXUAL

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

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