Quarentenas e restrições reduzem poluição na Itália, China e em NY

Publicado em 23/03/2020, às 09h51
Reprodução / NASA -

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Em quarentena há doze dias, os moradores de Veneza viram pela primeira vez em muitos anos as águas dos canais da cidade ficarem claras – e até golfinhos, cisnes e cardumes de peixes foram flagrados nadando por ali. Com fábricas paradas e trânsito quase inexistente, a Itália registrou considerável melhora qualidade do ar. Mas a nação não foi a única em que a natureza se beneficiou da pandemia de coronavírus: cientistas já registraram redução da poluição na China e nos Estados Unidos.

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Nitrogen dioxide over #China has dropped with the coronavirus quarantine, Chinese New Year, and a related economic slowdown. https://t.co/URfLNy0GZJ #NASA #COVID2019 pic.twitter.com/PM60uL772K

— NASA Earth (@NASAEarth) March 4, 2020

Estudos mostraram uma melhora de 21,5% na qualidade do ar na China, onde é comum os moradores da capital, Pequim, usarem máscaras para se proteger da poluição. Um pesquisador na Universidade Stanford calcula que, apesar das muitas vidas tiradas pela Covid-19, a paralisação das fábricas e do trânsito no país pode ter salvo entre 50.000 e 75.000 pessoas que poderiam morrer de forma prematura por causa da poluição. O pesquisador, Marshall Burke, porém, advertiu que seria “incorreto e imprudente” concluir que “pandemias são boas para a saúde” por causa disso.

O surto de coronavírus começou no final de dezembro em Wuhan, na China. Com uma propagação rápida para as cidades e regiões vizinhas, a doença levou ao total isolamento de dezesseis cidades. Ao menos 60 milhões de pessoas ficaram confinadas em toda a província de Hubei, da qual Wuhan é a capital.

Com as restrições, as operações industriais em toda a região foram suspensas. A proibição de que os chineses viajassem entre as cidades da província e para fora dela também diminuiu o fluxo de circulação de carros, ônibus, trens e aviões em todo o país.

Segundo o Centro de Pesquisa sobre Energia e Limpeza do Ar, cuja sede está localizada na Finlândia, todas as mudanças observadas na China levaram a uma redução de 25% nas emissões de dióxido de carbono durante quatro semanas entre o final de janeiro e meados de fevereiro, quando comparado ao mesmo período do ano passado.

A organização aponta ainda que as operações industriais foram reduzidas de 15% a 40% em algumas regiões do país. Em alguns setores, o consumo de carvão mineral caiu 36%. O país é o atual campeão mundial dessas emissões.

Os satélites de monitoramento de poluição operados pela Nasa e pela Agência Espacial Europeia (ESA) também observaram reduções drásticas na poluição do ar sobre a China durante duas semanas em fevereiro, quando a quarentena estava em vigor em várias províncias. Os satélites mediram as concentrações de dióxido de nitrogênio, que é liberado por carros, usinas e instalações industriais, de 1º a 20 de janeiro e novamente de 10 a 25 de fevereiro. A diferença entre os dois períodos é notável.

Os cientistas da Nasa disseram que reduções de emissões semelhantes foram observadas em outros países durante crise econômicas, mas que a queda na poluição do ar na China durante o período de quarentena foi especialmente rápida. “É a primeira vez que vejo uma queda tão dramática em uma área tão ampla para um evento específico”, disse Fei Liu, pesquisador de qualidade do ar da agência americana, em um comunicado. 

A China teve até o momento quase 81.000 casos de Covid-19 e 3.248 mortes. O país registrou no domingo o primeiro caso de transmissão local em três dias – consequência dos mais de quarenta casos importados do exterior.

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