O megatraficante Caio Bernasconi Braga era procurado pelas autoridades há ao menos oito anos. Apelidado de "Fantasma da Fronteira", ele foi preso em Ponta Porã (MS) na última terça-feira (2) pela Polícia Federal, entre o Brasil e o Paraguai.
O que se sabe sobre o 'Fantasma da Fronteira'
- O criminoso estava foragido desde 2015, quando teve pedido de prisão preventiva decretado pela Justiça de Bauru (SP). Três anos depois, ele escapou de carro de uma ação para prendê-lo feita por agentes da PF na zona leste da capital paulista.
- Bernasconi também foi denunciado na megaoperação Além-Mar, da PF, que confiscou mais de R$ 55 milhões do crime organizado em 2020. A ação visava o tráfico internacional de cocaína do Paraguai para países da Europa e África e apreendeu 11 toneladas da droga.
- Mesmo foragido, o megatraficante chegou a participar de audiências da Justiça Federal de Pernambuco pela internet nos últimos dois anos. Segundo a PF, ele era o responsável por uma carga de 2,5 toneladas de cocaína apreendida no porto de Rotterdam, na Holanda.
- O criminoso também é acusado de lavagem de dinheiro do tráfico na aquisição de imóveis de alto padrão e empresas em nome da esposa. Procurada, a advogada Josimary Vilhena, que representou Bernasconi na audiência de custódia, disse que só irá se manifestar nos autos do processo.
- Para despistar as autoridades, ele se identificava como agente comercial e usava um nome falso, segundo as investigações.
- Pouco se sabe sobre essa pessoa. Levava uma vida discreta na fronteira e só era conhecido pelas autoridades policiais, apesar de ser uma grande figura do tráfico na região. A prisão dele foi feita em uma operação sigilosa da PF, que mobilizou outros órgãos de segurança na fronteira, para evitar um provável resgate."
- Marcelino Nunes de Oliveira, secretário municipal de Segurança Pública de Ponta Porã (MS)
Sucessor de chefe do PCC no Paraguai
- A megaoperação da PF que incriminou Bernasconi também denunciou Sergio da Arruda Quintiliano, o Minotauro, apontado como o chefe do PCC no Paraguai até 2019, quando foi preso.
- A investigação indicou que havia 32 empresas em comum entre Minotauro e Bernasconi. Os negócios envolvendo os dois incluíam corretoras de criptomoedas, segundo a PF.
- Braço direito de Minotauro, Bernasconi teria assumido o controle do tráfico no país vizinho nos últimos anos. Ele seria responsável pela "rota do pó" do Paraguai para a Europa. A droga era enviada em contêineres de frutas, segundo a PF.
Como foi a prisão
- A prisão do megatraficante mobilizou equipes da Força Nacional e até veículos de guerra do Exército. O objetivo era evitar uma possível tentativa de resgate.
- Bernasconi foi capturado perto da divisa com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, quando trocava de aeronave. No dia seguinte, participou de uma audiência de custódia em Campo Grande (MS).
- A PF investiga se a pista de terra onde o criminoso foi preso era uma espécie de "ponte aérea" da "rota do pó" chefiada por ele. Os investigadores também querem saber para onde Bernasconi estava indo quando foi capturado.