Assessoria
O mercado de criptomoedas no Brasil registrou um avanço expressivo em 2024, com um aumento de 14% no volume de transações em relação ao ano anterior. Dados da Receita Federal apontam que os brasileiros movimentaram mais de R$ 283 bilhões em moedas digitais ao longo do ano. O crescimento se destaca diante de um cenário global ainda instável, impulsionado por uma combinação de fatores que passam desde o maior acesso à tecnologia até a diversificação das estratégias de investimento.
As movimentações do último ano mostram que os criptoativos deixaram de ser vistos unicamente como apostas de alto risco para se posicionarem como instrumentos financeiros legítimos. Parte disso está relacionada ao maior acesso à informação qualificada e a ferramentas que orientam o investidor iniciante sobre como comprar criptomoedas de forma segura. Em segmentos como o de apostas esportivas e cassinos online, por exemplo, as moedas digitais vêm sendo amplamente aceitas pelas plataformas devido à rapidez nas transações e ao elevado padrão de segurança. Isso atrai usuários em busca de soluções práticas e discretas, particularmente em contextos de lazer digital regulamentado.
Além disso, a descentralização característica dos criptoativos confere uma alternativa viável para quem busca escapar das taxas bancárias convencionais ou quer transitar entre plataformas internacionais com pouca burocracia. Isso é especialmente interessante no universo dos jogos online, onde pagamentos ágeis e sob menor vigilância são valorizados tanto pelos operadores quanto pelos jogadores.
Embora o Bitcoin continue sendo a principal referência no mercado, representando mais de 55% de todo o volume negociado no país em 2024, outras moedas despontaram com relevância. O Ethereum consolidou-se como a segunda escolha mais popular, sustentado por seu ecossistema robusto de contratos inteligentes e aplicações descentralizadas. Já os tokens de utilidade, como Cardano (ADA) e Solana (SOL), também registraram aumentos significativos nas negociações.
Outro movimento notável foi o fortalecimento das stablecoins, especialmente o USDT (Tether), cujo volume transacionado cresceu exponencialmente. O crescimento dessas moedas atreladas ao dólar americano revela uma busca por proteção contra a volatilidade cambial e por instrumentos mais estáveis dentro do portfólio digital. Isso mostra uma mudança comportamental: investidores não apenas especulam, mas também usam criptomoedas como reserva de valor ou meio de pagamento.
Empresas brasileiras, especialmente as do setor de tecnologia e comércio eletrônico, também começaram a considerar opções de pagamento com criptoativos. Tal mudança ajuda a ampliar ainda mais a aceitação social dessas moedas, algo que contribui diretamente para a elevação do volume transacional captado pela Receita Federal.
Entre os fatores que explicam o crescimento em 2024 está a mudança no perfil dos participantes do mercado. Se antes os investidores eram majoritariamente jovens entusiastas e tecnologicamente engajados, hoje há uma presença crescente de investidores com formação financeira tradicional, interessados em diversificar suas carteiras com ativos descentralizados.
Segundo plataformas brasileiras de custódia e corretagem de criptoativos, a faixa etária dos investidores vem se alargando, com maior participação de pessoas entre 40 e 60 anos. Esse público tem buscado exposições mais moderadas ao risco e optado por moedas mais consolidadas ou por fundos lastreados em criptoativos, negociados em bolsas regulamentadas.
Outro fator de atração é o crescimento das soluções de renda passiva em cripto, como o staking e os protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), que oferecem remuneração aos investidores pela manutenção de seus ativos numa rede. Tais possibilidades, até pouco tempo restritas ao público mais técnico, agora se tornaram acessíveis e compreensíveis para um número maior de brasileiros.
Com a expansão do volume financeiro negociado, aumentou também a atenção das instituições sobre o setor. A Receita Federal vem atuando ativamente para garantir o controle das obrigações tributárias decorrentes de ganhos com criptoativos, exigindo a declaração detalhada mensal por parte de pessoas físicas e jurídicas.
Por outro lado, o avanço na regulação, tanto no Brasil quanto em grandes economias, tem gerado um grau maior de previsibilidade jurídica. No país, tramitam no Congresso propostas para regulamentar de forma mais abrangente a atividade das corretoras de criptoativos. Essa regulamentação deverá seguir princípios de compliance, combate à lavagem de dinheiro e proteção ao consumidor, visando oferecer mais segurança jurídica aos investidores.
O controle regulatório também favorece a atração de capital institucional para o setor, uma vez que fundos e agentes financeiros tradicionais sentem-se mais confiantes em operar num ambiente fiscalmente mapeado e legalmente protegido. Em médio prazo, tal movimento tende a ampliar a liquidez do mercado, aumentar a concorrência entre plataformas e melhorar as condições para o investidor comum.
O bom desempenho de 2024, aliado à implementação gradual de regras mais claras para o setor, projeta um 2025 de continuidade no crescimento. Especialistas apontam que a evolução tecnológica, como a chegada de soluções de segunda camada para redes congestionadas, e o fortalecimento de moedas focadas em privacidade poderão atrair ainda mais o público.
Além disso, o avanço da educação financeira voltada para ativos digitais deve consolidar uma nova geração de investidores com maior autonomia e consciência dos riscos. A presença de criptomoedas no dia a dia, seja como meio de pagamento, garantia de contratos ou instrumento de investimento, tende a se firmar ainda mais à medida que a infraestrutura do setor se torna parte integrante do sistema financeiro nacional.
Com isso, o Brasil segue acompanhando um movimento global, mas com características próprias. A inclusão digital, o empreendedorismo robusto no setor de tecnologia e o familiar interesse nacional por inovações financeiras fazem do país um terreno fértil para o florescimento dos criptoativos em escala social, institucional e comercial.
LEIA MAIS