Réu é absolvido de homicídio após “vítima” reaparecer viva quase 30 anos depois, em Maceió

Publicado em 29/09/2025, às 16h41
-

Redação

Um homem acusado de homicídio foi absolvido quase três décadas após o suposto crime, ao comprovar que a suposta vítima está viva. O suposto caso de homicídio foi registrado no ano de 1997, no bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió. A decisão foi proferida pelo juiz José Eduardo Nobre na última sexta-feira (26).

LEIA TAMBÉM

De acordo com o informações da Justiça de Alagoas, o réu chegou a ser preso no início de agosto deste ano, após a reativação do processo, mas foi liberado durante audiência de custódia ao informar que a vítima, um homem identificado como Marcelo Lopes da Silva, nunca morreu. A alegação foi confirmada por meio de diligências em bancos de dados oficiais.

Durante audiência de instrução realizada em setembro, o próprio Marcelo compareceu ao Fórum e esclareceu que, à época do suposto crime, estava morando com uma irmã no interior de Pernambuco, onde trabalhava no corte de cana-de-açúcar. Segundo ele, sua família em Maceió não tinha conhecimento de seu paradeiro.

O caso se arrastava na Justiça desde março de 1998, quando o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) denunciou o réu por homicídio consumado. A acusação se baseava em relatos do irmão da suposta vítima, que disse ter recebido a informação de que Marcelo havia sido assassinado, e chegou a reconhecer por fotografias, no Instituto Médico Legal (IML), um corpo de indigente como sendo o do parente.

Um laudo cadavérico foi elaborado com base nesse corpo e usado para sustentar a denúncia do MP/AL. No entanto, o juiz destacou em sua sentença que o exame apresentava um “erro grave”, ao atestar a morte de outra pessoa como se fosse Marcelo Lopes da Silva.

O magistrado afirmou que, desde que retornou a Maceió, Marcelo chegou a procurar uma delegacia e informou que estava vivo, mas essa informação nunca foi anexada ao processo, que permaneceu suspenso por anos devido à não localização do réu.

Com a reaparição da suposta vítima e a confirmação de que não houve crime, o juiz determinou a absolvição sumária do acusado, com a concordância do próprio Ministério Público. Esse tipo de decisão dispensa a realização de júri popular, por não haver elementos mínimos que sustentem a acusação.

“Verifica-se que não há prova da materialidade do crime de homicídio, uma vez que a suposta vítima encontra-se viva [...]. Resta, portanto, evidente que o laudo de exame cadavérico padece de erro grave”, afirmou o juiz José Eduardo Nobre, da 8ª Vara Criminal da Capital. 

Relembre o caso

Segundo a denúncia oferecida em 1998, o réu teria assassinado Marcelo Lopes da Silva com a ajuda de um adolescente, na madrugada de 28 de julho de 1997, no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió.

Ainda de acordo com a acusação, a vítima teria sido emboscada na saída de uma danceteria e atacada pelas costas com golpes de faca e instrumentos contundentes. O suposto motivo do crime seria ciúmes — Marcelo estaria interessado na esposa do acusado.

Com a revelação de que a vítima está viva, o caso foi oficialmente encerrado pela Justiça alagoana. 

Com informações do TJ-AL*

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Justiça torna Bruno Henrique, do Flamengo, réu por estelionato Réu é condenado a 20 anos de prisão por tentar matar companheira com facada pelas costas STF tem maioria para condenar ex-cúpula da PM-DF acusada de omissão no 8/1 Moraes nega pedido de Carlos para passar aniversário com Bolsonaro