Romário se diz curado do diabetes após cirurgia: é possível? Médica explica

Publicado em 22/03/2017, às 08h39

Redação

No fim de 2016, o ex-jogador e senador federal Romário se submeteu a uma cirurgia polêmica com o intuito de controlar o diabetes. Chamado gastrectomia vertical com interposição ileal, o procedimento consiste em reduzir o estômago e reposicionar parte do intestino e ainda está em fase de testes.

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Cirurgia polêmica de Romário 

Agora, em entrevista ao Programa da Eliana, no SBT, Romário afirmou que já conseguiu curar o diabetes graças ao procedimento. "Eu sou a prova de que essa cirurgia cura mesmo o diabetes”, declarou. 

Além disso, ele garantiu que está se sentindo muito bem e que a cirurgia proporcionou a ele menos 18 kg na balança. "É uma cirurgia complexa, não é oficial,vamos dizer assim, mas, para mim, eu posso afirmar que perdi até 18 quilos. Mas já ganhei 3 quilos nesses últimos dias. Agora é só ganhar um pouquinho de peso, malhar e viver a minha vida normalmente”, contou.

Procedimento não é liberado ainda

A cirurgia realizada por Romário é polêmica porque ela ainda está em estudo e não existe a autorização para que ela seja realizada na população. Como os estudos ainda não foram concluídos, por enquanto, não é possível saber quais os efeitos a longo prazo, nem a segurança da interposição ileal. 

Vale lembrar que, no momento, a cirurgia realizada em Romário só pode ser feita como parte de um estudo e gratuitamente. Como o tratamento ainda não foi regulamento pelo Conselho Federal de Medicina, a cobrança pelo procedimento é ilegal.

Diabetes tem cura? 

Apesar de Romário se dizer curado, a endocrinologista do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital alemão Oswaldo Cruz Tarissa Petry explica que não é possível falar em cura do diabetes, já que se trata de uma doença crônica.

“Quando a pessoa é diagnosticada com diabetes tipo 2, cerca de 50% ou mais do pâncreas dela já morreu, então falamos em remissão do diabetes, não em cura”, explica.

Tratamento para o diabetes disponível atualmente

O diabetes surge quando o corpo desenvolve uma resistência à insulina produzida pelo pâncreas, obrigando o órgão a produzir cada vez mais o hormônio e causando prejuízos ao longo do tempo.

A gordura visceral é um dos fatores que causa essa resistência, ao impedir que a insulina aja diretamente sobre seu receptor. É por isso que pessoas com sobrepeso e obesas são mais propensas a desenvolver a doença.

De acordo com a endocrinologista, a cirurgia metabólica (também chamada de bariátrica) é um dos tratamentos utilizados atualmente para controlar o diabetes tipo 2. Esta técnica é a mais utilizada no Brasil e corresponder a 75% das cirurgias. Segundo a sociedade brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o bypass gástrico é um método de cirurgia bariátrica que consiste em “grampear” parte do estômago para evitar uma ingestão grande de alimentos e aumentar o nível de hormônios que dão a sensação de saciedade e diminuem a fome da pessoa. 

Na cirurgia feita por Romário, além da diminuição do estômago, um segmento do intestino é retirado e o órgão é reposicionado mais próximo do estômago.

Além de proporcionar perda de gordura visceral e consequente diminuição de resistência insulínica, a cirurgia metabólica, ou bypass gástrico, também propicia aumento do hormônio GLP1.

Este hormônio facilita o trabalho do pâncreas, mudanças na flora intestinal e aumento de ácidos biliares. Ele também faz com que os alimentos deixem de passar pelo duodeno, o que contribui para o controle do diabetes.

“O intuito primordial da cirurgia metabólica não é reduzir medidas, e sim controlar a doença para que o paciente tenha menos complicação”, comenta Tarissa.

A médica destaca, ainda, que muitos pacientes precisam continuar tomando medicação para o controle do diabetes mesmo após a cirurgia, já que o problema é crônico e a glicemia pode voltar a subir. 

Quem pode fazer a cirurgia?

A indicação do tratamento é para pacientes obesos (IMC acima de 40) ou então com IMC acima de 35 que tenham riscos associados, como hipertensão e diabetes. Contudo, Tarissa ressalta que em alguns países, como na Inglaterra, já não existe mais a recomendação de avaliar o IMC. "Aqui no Brasil, já está sendo discutido no Conselho Federal de Medicina a recomendação da cirurgia metabólica a pacientes não obesos devido à melhora metabólica propiciada. Já é assim em outros países e a tendência é que a recomendação daqui atual mude em breve", explica a endocrinologista. 

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