Rota de avião chileno desaparecido é conhecida por instabilidade climática

Publicado em 10/12/2019, às 12h43
Reprodução/Força Aérea Chilena -

Folhapress

O avião da Força Aérea chilena desaparecido desde a noite de segunda (9) operava em uma rota conhecida pela instabilidade climática, ventos fortes e poucas opções para pousos de emergência, diz o piloto brasileiro Edmundo Ubiratan.

LEIA TAMBÉM

Ubiratan, que escreve para revistas especializadas em aeronáutica, já fez duas vezes, como passageiro, o trajeto entre Punta Arenas, no sul do Chile, e a base aérea Eduardo Frei, na península Antártida.

"São poucas as margens para um pouso de emergência. Na região de Magalhães [perto de onde o avião desapareceu], as montanhas são altíssimas", explica.

"Os estreitos também são muito cheios de curvas, não se consegue colocar um avião, não tem espaço adequado para um pouso de emergência."

A instabilidade meteorológica e as fortes rajadas de vento adicionam dificuldades adicionais aos voos com direção à Antártida.

Antes de decolar, as aeronaves aguardam a chamada "janela" de condições climáticas. Mesmo obedecendo a esse critério, os ventos são tão instáveis que a chegada à Antártida não está garantida.

É comum que os aviões precisem voltar aos aeroportos de origem devido às más condições para o pouso.

O avião desaparecido é do modelo Hércules C-130, considerado um dos mais seguros do mundo. Apesar de ter quatro motores, a aeronave foi projetada para conseguir operar mesmo com apenas um deles em funcionamento.

"O Hércules foi feito como um avião militar para missões táticas. É aquela aeronave que, num contexto de guerra, vai operar baixo e vai para a zona de combate", conta Ubiratan.

Com 38 pessoas a bordo, o avião chileno decolou às 16h55 (mesma de Brasília) e perdeu comunicação por rádio às 18h13.

A comunicação foi perdida quando o avião sobrevoava o mar de Drake, uma passagem marítima entre o continente americano e a Antártica considerada das mais tempestuosas do planeta.

A Força Aérea chilena trabalha com a possibilidade de que o C-130 tenha pousado no mar, uma vez que o modelo também foi projetado para realizar esse tipo de manobra.

O problema é justamente a região em que o pouso poderia ter acontecido. Cheia de tempestades e ondas que facilmente superam cinco metros, o Drake é apelidado de "o pior mar do mundo" mesmo por quem tem experiência em navegação.

A Marinha brasileira, por exemplo, confere um certificado para quem completa a travessia. Já quem cruza o Drake ao menos três vezes a bordo de um navio da Marinha brasileira ganha um broche especial.

"As ondas são muito grandes e, se você conseguir pousar, é possível que nunca mais te encontrem. Porque muda tanto a corrente marítima que o vento vai espalhando todas as peças. É muito difícil alguém sobreviver a um pouso no Drake", avalia o piloto.

O avião foi declarado como danificado após sete horas do incidente. Segundo a FACH, o C-130 tinha combustível para permanecer no ar até 0h40 de terça-feira (10).

Embora a aeronave possua o dispositivo ELT (transmissor de localização de emergência), que informaria sua posição por satélite em caso de avaria, o sistema ainda não permitiu localizar a aeronave.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Corpo de médica é encontrado por funcionários dentro de freezer de loja Idoso atira no filho após reclamar de estar recebendo poucas visitas Brasileira que trabalha como babá em Portugal está desaparecida há 10 dias Relíquia da Segunda Guerra é encontrada em floresta após mais de 80 anos