‘Se Eike for para Alemanha, fica difícil trazê-lo’, avalia especialista em direito penal

Publicado em 27/01/2017, às 09h30

Redação

O professor de direito penal internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e procurador regional da República Artur Gueiros considera que será “muito difícil” trazer o empresário Eike Batista, que tem dupla nacionalidade (brasileira e alemã), de volta para o Brasil, caso ele vá para a Alemanha, país que não extradita seus nacionais.

LEIA TAMBÉM

O fato de Eike estar no exterior, neste momento, possibilita que ele não seja preso?

Sim. Dentro deste quadro, há o risco da não aplicação da lei penal brasileira pelo fato de ele estar fora do Brasil e ter nacionalidade alemã. Se ele realmente estiver nos Estados Unidos, a Interpol, que o incluiu na lista vermelha, pode prendê-lo e extraditá-lo. Agora, é uma corrida contra o tempo. É fundamental que evitem que ele vá para Alemanha.

E se ele for para a Alemanha?

Neste caso, vai ser muito difícil trazê-lo, porque a Alemanha não extradita nacionais. O governo brasileiro até poderia tentar uma extradição por vias diplomáticas. Mas a repercussão negativa da situação carcerária no Brasil, com as rebeliões, pode ser um elemento contra.

Como fica a situação com ele nos EUA?

Se ele for capturado, pode ser deflagrado um processo de extradição dele para o Brasil. Fora da Alemanha, ele não tem nenhuma proteção. Também há a possibilidade de a promotoria americana resolver instaurar uma investigação sobre os fatos da Lava Jato e abrir um processo criminal contra ele. É possível que haja esse interesse devido à dimensão dos seus negócios, inclusive internacionais. O pior lugar do mundo fora do Brasil para ele estar, neste momento, é os EUA, porque eles têm essa permissão de perseguir criminalmente práticas corruptas no mundo inteiro.

A decisão de prendê-lo foi do dia 13 de janeiro, mas a PF só deflagrou a operação nesta quinta-feira, 26. Houve erro neste tempo?

Devido à profundidade desta operação, que é complexa porque envolve muitos mandados de prisão e de apreensão, pode demorar para fazer a logística. Mas já acompanhei casos em que houve monitoramento em tempo real do acusado. Não sei o que aconteceu, se esta pessoa (Eike) é difícil de fazer esse monitoramento.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Empresário assassinado tinha acabado de descobrir que seria pai Laudo da PF confirma que Bolsonaro usou solda para romper tornozeleira Novas regras para horários de entrada e saída de hotéis já estão valendo; veja o que mudou CCJ do Senado aprova PL da Dosimetria e texto vai ao plenário