Secom Alagoas aposta em testes prévios para evitar ruídos em campanhas institucionais

Publicado em 23/12/2025, às 18h19
- Marina Sales / Agência Alagoas

Agência Alagoas

A recente campanha das Havaianas estrelada por Fernanda Torres dominou o debate publicitário no Brasil nos últimos dias. Amplamente comentada nas redes sociais e no mercado, a peça gerou discussões sobre interpretação de mensagem, possíveis leituras políticas e riscos de recepção. O episódio reacendeu um alerta no setor: comunicar sem testar pode custar caro.

LEIA TAMBÉM

É justamente para evitar esse tipo de ruído que o Governo de Alagoas vem adotando um método ainda pouco usual na publicidade institucional: testar campanhas antes de colocá-las no ar. Na manhã desta terça-feira (23), a Secretaria de Estado da Comunicação realizou mais uma rodada de pesquisa qualitativa com especialistas para avaliar uma campanha de segurança pública prevista para veiculação na primeira quinzena de janeiro. A iniciativa integra um protocolo adotado na gestão do governador Paulo Dantas, que prioriza a análise prévia dos efeitos da mensagem sobre diferentes públicos.

De acordo com a Secom, conforme a natureza de cada campanha, o processo pode envolver escutas com a população, análises técnicas com especialistas e, em casos específicos, avaliações baseadas em fundamentos da neurociência. A lógica é antecipar reações, ajustar a narrativa e reduzir riscos antes da veiculação.

Convidado para a análise, o publicitário Herman Fernandes destacou a importância do olhar externo no processo criativo. Segundo ele, a pesquisa qualitativa com especialistas fortalece a publicidade governamental ao evitar distorções de leitura. “Quem está muito envolvido na criação nem sempre percebe todos os impactos da mensagem. A pesquisa ajuda justamente a eliminar pontos cegos”, observou.

O empresário do setor audiovisual Marcos Damascena também ressaltou o valor do método. Para ele, a escuta técnica permite refinar a narrativa e encontrar soluções mais eficazes antes da campanha ir ao ar. “É uma oportunidade de contar a mesma história de forma ainda mais precisa e responsável”, afirmou.

À frente da Secretaria de Comunicação, o secretário Wendel Palhares reforçou que a preocupação do Governo vai além da estética ou da qualidade técnica das peças publicitárias. “A comunicação pública não pode errar por descuido. Testar e retestar é uma forma de respeito ao cidadão. Comunicação clara, precisa e responsável também é um direito”, disse.

A psicóloga social e especialista em neurociência Mad Honorato, que coordenou a pesquisa, explicou que o ambiente de avaliação é estruturado para estimular contribuições técnicas e colaborativas. “É um espaço seguro, onde a crítica não é pessoal. O foco é melhorar o material que chega à casa e ao celular de cada cidadão”, explicou.

Com a institucionalização desse modelo de validação prévia, a Secretaria de Comunicação de Alagoas consolida uma prática inovadora no campo da comunicação pública. Em um cenário de alta sensibilidade social e interpretações rápidas, antecipar riscos deixou de ser opção e passou a ser método.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Estado articula implantação de emprendimento que vai gerar 800 empregos Veja como as Unidades do Hemoal irão funcionar para doação de sangue neste Natal Procon Alagoas divulga ranking das empresas mais reclamadas em 2025 ANP dá aval para cidade alagoana receber o primeiro projeto de estocagem subterrânea de gás do país