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Pesquisadores da Universidade Texas A&M e da Universidade de Washington, em parceria com o geneticista David Sinclair, da Universidade de Harvard (EUA), estão envolvidos em um ambicioso projeto conhecido como Dog Aging Project. O objetivo? Descobrir formas de retardar, ou até reverter, o envelhecimento.
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Um dos caminhos mais promissores é a reprogramação epigenética, técnica que busca "reiniciar" o relógio biológico das células, devolvendo a elas características de juventude.
Em testes com camundongos e macacos, os resultados são animadores: a regeneração de nervos ópticos e a restauração de funções celulares fundamentais. Mas ainda falta um longo caminho para tornar isso realidade em humanos.
A equipe de Sinclair, que estuda o tema há anos, se prepara agora para dar o próximo passo. Os primeiros ensaios clínicos com humanos devem começar em 2026, inicialmente com pacientes que sofrem de doenças oculares. Hoje, os tratamentos ainda têm custos elevados e estão restritos a ambientes de pesquisa, mas a expectativa é que, até 2035, a tecnologia se torne mais acessível — quem sabe até na forma de uma pílula rejuvenescedora potencializada por inteligência artificial.
Animado com o avanço das pesquisas, Sinclair chegou a declarar em entrevista ao podcast Moonshots: "A primeira pessoa que viverá até os 150 anos já nasceu". Algo que, há pouco tempo, pareceria pura ficção científica, mas agora soa cada vez mais plausível.
Dá para viver mais, mas viver bem?
Apesar do entusiasmo com a possibilidade de viver até os 150 anos, especialistas alertam para os desafios éticos, sociais e econômicos do prolongamento da vida. Viver mais exige viver com qualidade — e garantir acesso amplo às novas terapias pode ser um obstáculo, especialmente em países desiguais como o Brasil.
O país, que não se preparou adequadamente para o envelhecimento da população, deve ter quase um quarto de seus cidadãos com 65 anos ou mais até 2060. Segundo o IBGE, a população idosa brasileira pode quase triplicar até 2050, colocando o Brasil entre os seis países com mais idosos no mundo.
Muitos envelhecerão com poucos recursos e acesso limitado à saúde e ao lazer. A proposta de um envelhecimento ativo ainda está longe da realidade, e cresce a preocupação com a sobrecarga de cuidadores, inclusive entre os próprios idosos, que precisarão continuar trabalhando para se manter.
Longevidade começa agora
Enquanto o futuro não chega, a prevenção continua sendo o caminho mais eficaz. Alimentação equilibrada, atividade física regular, sono de qualidade, controle do estresse, acesso à informação e atualização constante são aliados poderosos. Quanto mais ativos formos, física, mental e socialmente, maiores as chances de envelhecermos com saúde, mesmo que não cheguemos aos 150 anos.
E, embora ainda estejamos longe de curar muitas das doenças que nos afetam, os avanços em diagnóstico precoce, tratamentos personalizados e uso de inteligência artificial na saúde tendem a melhorar significativamente a qualidade de vida — desde que venham acompanhados de políticas públicas robustas e inclusivas nas áreas de saúde, educação e mercado de trabalho.
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