A principal vantagem dessa abordagem é que, assim como em humanos, a fragilidade detectada precocemente pode, por vezes, ser atenuada. Daí a importância da triagem regular e do apoio precoce para o melhor cuidado de nossos companheiros idosos.
O primeiro passo é tornar o ambiente do animal mais acessível para que ele possa alcançar facilmente todos os seus recursos: comida, água, locais de descanso e esconderijo, áreas de contato, etc. Alguns acessórios e ajustes podem fazer uma grande diferença, incluindo pequenos degraus para subir no sofá, poltronas, almofadas firmes e baixas ou comedouros elevados para cães e gatos com osteoartrite, etc.
Aumentar o número de pontos de acesso também é útil: duas ou três áreas de alimentação, vários locais para dormir e mais caixas de areia fáceis de transpor. Algumas caixas de areia comerciais são muito altas para gatos com osteoartrite; uma caixa larga com borda baixa pode ser muito mais confortável.
Manter um relacionamento calmo e positivo é essencial. Comportamentos considerados “indesejáveis” devem sempre ser investigados por um veterinário e um especialista em comportamento animal (ou um veterinário comportamentalista): podem refletir uma necessidade, desconforto ou dificuldade. Um gato que arranha o tapete em vez do arranhador, por exemplo, pode simplesmente estar procurando uma posição menos dolorosa. Alguns animais também se tornam mais ansiosos ou reativos com a idade ou com certas condições médicas; portanto, é importante entender a causa em vez de puni-los, correndo o risco de prejudicar o relacionamento e não resolver o problema.
A estimulação cognitiva e física deve continuar, mas adaptada às capacidades do animal. Os comedouros interativos (ou tigelas interativas, onde os animais precisam resolver quebra-cabeças para obter a comida) ainda são úteis, desde que sejam escolhidos de acordo com a condição do animal: um tapete para arranhar ou uma tigela interativa que pode ser empurrada com o focinho são preferíveis a um sistema que exige movimentos complexos das patas. Jogos, aprendizado e pequenas sessões de treinamento ainda são benéficos; às vezes, basta encurtar as sessões e usar recompensas muito atraentes (como pequenos pedaços de peito de frango ou linguiça, etc.).
Os passeios podem ser adaptados, em particular com o uso de bolsas confortáveis e seguras para transportar o cão quando ele estiver muito cansado, seja por parte ou durante todo o percurso. O importante é continuar dando ao animal acesso ao exterior.
Por fim, a alimentação é fundamental no cuidado com animais idosos. O envelhecimento acarreta alterações na digestão e uma perda gradual de massa muscular. Portanto, recomenda-se escolher uma dieta de fácil digestão, com cheiro e sabor agradáveis ao seu animal de estimação e formulada especificamente para as necessidades de animais idosos. Deve-se evitar a carne crua: ela costuma ser desequilibrada em termos de minerais, o que pode ser prejudicial para animais idosos, que são particularmente sensíveis ao excesso de fósforo ou a proporções inadequadas de cálcio/fósforo. Além disso, apresentam um risco maior para a saúde, pois seus sistemas imunológicos são menos eficazes.
Por outro lado, combinar ração seca (croquetes) com ração úmida (terrinas, mousses, etc.) costuma ser benéfico. Uma refeição caseira e cozida (seguindo a orientação de um veterinário) também pode ajudar o animal a recuperar o apetite. E para os animais mais exigentes, um truque simples pode ser suficiente: aquecer levemente a ração úmida para realçar o cheiro e torná-la mais apetitosa.
Quando devo levar meu animal de estimação ao veterinário?
Consultas veterinárias regulares ainda são essenciais, principalmente para manter as vacinas e vermifugações em dia. O envelhecimento enfraquece o sistema imunológico, tornando os animais idosos mais vulneráveis e exigindo proteção regular contra doenças infecciosas e parasitas.
As consultas geriátricas visam monitorar o processo de envelhecimento, que é único para cada indivíduo. A primeira consulta costuma ser a mais longa para permitir uma discussão aprofundada e incluir exames adicionais, quando necessário. Esses resultados iniciais servirão como referência para as consultas de acompanhamento. Idealmente, esse monitoramento deve começar no início da terceira idade. A frequência das consultas dependerá da evolução do animal: a cada seis meses, se surgirem sinais de fragilidade, ou uma vez por ano, se sua condição permanecer estável.
O desafio não é mais apenas prolongar a vida de nossos amigos peludos, mas, acima de tudo, prolongar sua saúde. Afinal, queremos que eles aproveitem a vida o máximo possível, assim como queremos que aproveitem a vida por nós, humanos.
* Sara Hoummady é DMV, PhD, professora associada de etologia e nutrição animal na UniLaSalle na França.
* Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o original.