Redação
Aproveitei a casca do sururu e a transformei numa colher natural, para não perder nem um pingo do caldo que embriagou nosso molusco com sabores orientais. Simplesmente, um manjar de Nossa Senhora dos Prazeres! O molho vultoso é uma mistura de shoyu com manteiga oriental, gengibre, alho, sake doce, pedacinhos de cebolinha e ainda tem o maçunim para aumentar os momentos de felicidades ao paladar.
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É divino! Eu cresci comendo sururu de capote cozido no próprio caldo do molusco e no leite de coco, que, por sinal, amo, mas na versão japonesa é uma benção. Muito legal descobrir pelo céu da boca que o nosso sururu de capote, patrimônio imaterial de Alagoas, é do mundo! A pérola negra da nossa Lagoa harmoniza no coco, no dendê, na manteiga, no azeite e agora no tempero oriental. A novidade é do restaurante japonês contemporâneo Hatsu Izakaya, recém inaugurado sob a batuta do chef Roger Lima.
Retalho – O que sobra do atum é processado em minis pedacinhos e ganha uma caminha de arroz japonês e ova de peixe. A textura do peixe é firme. Bela foto e bom sabor
Mas antes de escrever sobre as maravilhas do japonês Hatsu Izakaya, alguns esclarecimentos: O restaurante funciona com reserva no balcão, para oito pessoas em cada turno (19h e 21h), e com o menu invisível, porque ninguém sabe o que será servido pelo chef. Nas mesas, o serviço é a la carte e não precisa fazer reserva. Então, vamos destrinchar o japonês.
Carpaccio com finas camadas de atum deitado no molho shoyo, azeite e limão siciliano.
Rei – A cozinha do japonês Hatsu Izakaya é tradicional na técnica oriental e também contemporânea, como, por exemplo, aposta nos ícones da gastronomia alagoana (sururu e maçunim) para as receitas orientais. Também não abusa do shoyu e nem do queijo cream chesse. Valoriza o sabor natural e o frescor dos pescados. O rei do restaurante é o peixe atum que, no Japão, é o mais cobiçado. O pescado de alto mar ganhou a versão de carpaccio com finas camadas e deitado no molho shoyo, azeite e limão siciliano. Feliz combinação.
Sal rosa himalaia vira tábua gelada para receber o combinado de sachimi
Pedra de sal – Inusitado é o sal rosa himalaia virar tábua gelada para receber o combinado de sachimi de salmão com raspas de limão siciliano, robalo com pimenta dedo de moça, vieira com ovas de peixe, fios de rabanetes e de algas marinhas. Não coloque shoyo, porque a pedra de sal já é suficiente para temperar as iguarias.
Vieira canadense é um espetáculo
Canadense – O molusco não tem nas nossas praias, mas a vieira canadense é um espetáculo. O chef faz uns cortes no marisco, que ganha formato peixe e, com arte das mãos, o arroz é coberto pela vieira. Para finalizar, é borrifado – (adorei a técnica porque o shoyo adere melhor à carne),e ainda vem ova de peixe coroando a iguaria. Desmancha no céu da boa. É bom, viu?
O sumono, uma tradição com pepino marinado, ganhou reforço com polvo e a fruta lichia
Lichia – O sumono, uma tradição com pepino marinado, ganhou reforço com polvo e a fruta lichia (parece pitomba, porém é mais carnuda), dando uma doçura ao clássico da culinária japonesa.
Barriga do atum, o mais nobre de todos
Barriga – Porque toda barriga é boa, e olhe que a gordurinha é a graça do peixe salmão. E, de novo, o chef utiliza a mesma técnica do corte em formato de escamas para absorver o shoyo (o arroz nem aparece, porém, está lá). Tudo favorecendo ao frescor e sabor natural do peixe.
A barriga de salmão também é recheio do sanduiche com camarão empanado e a alga nori
Sanduba – A barriga de salmão também é recheio do sanduiche com camarão empanado e a alga nori faz o papel do pão. Fiquei muito feliz porque, normalmente, a alga fica sempre mole. No Hatsu Izakaya, ela é super crocrante.
Arroz com camarão, polvo e mix de cogumelos
Arroz – O grão é essencial da gastronomia japonesa e o provei apenas ao tempero do shoyo, para perceber a liga e o quando ele é saboroso com pouca coisa. O arroz utilizado vem do Uruguai, da fazenda de uma família japonesa, a Mirokuma, que o chef Roger conheceu por lá e trouxe para Alagoas. Na cozinha, ele incrementou o grão com camarão, polvo e mix de cogumelos. É bem leve, como deve ser a culinária oriental.
Roger Lima desde menino, aprendeu com o avô a arte de pescar e destrinchar o peixe.
Quem é – O sonho do chef Roger Lima é conhecer o Japão, país que inspira a sua cozinha. Com muita fé, um dia ele chega lá. Mas o paulista da cidade de Cordeiropolis (famosa pela fabricação de cordas) tem um pé em Alagoas. Sua bisavó Elenita nasceu em Palmeira dos Índios.
Ele estudou no Senac, onde ganhou uma bolsa de estudo para aprimorar seus conhecimentos na culinária japonesa. Mas, desde menino, aprendeu com o avô a arte de pescar e destrinchar o peixe. Roger Lima estava trabalhando em São Paulo, mas com duas indicações de chefs de restaurantes na cidade da terra da Garoa, o consultor de restaurantes Artur Nagae pescou o paulista para Maceió. Ele aceitou o desafio e já esta apaixonado pela cidade e descobrindo novos ingredientes para sua cozinha.
Chef Roger com sua equipe do balcão: Max e Luiz Antônio
O empresário Wagner e sua filha Shara Andrade apostaram certo no restaurante japonês que foge do trivial. A soma dos produtos de qualidade, com a consultoria do Artur Nagae, o talento do chef Roger e uma equipe afinada, estão dando o que falar, ou melhor, a felicidade de saborear a culinária japonesa contemporânea, onde os pescados são valorizados na sua essência.
Arigatou (obrigado)!
Rota Hatsu Izakaya
Preço: menu invisível (com reserva) – R$ 125,00 (por pessoa) com 12 a 14 etapas/ Aceita cartão
Funciona de terça a domingo das 19 até as 23h/ Edifício Facilities: Rua General Saleiro Pitão, 1037, Ponta Verde/ Telefone: 3028-2242
Sarah apaixonada pela gastronomia japonesa apostou no contemporâneo restaurante Hatsu Izakaya,
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