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Terceira onda da pandemia avança de maneira dramática no Leste Europeu

| 13/03/21 - 09h03
| Foto: Agência Brasil

O Leste Europeu está tentando conter uma crescente onda de infecções do coronavírus, que supera o ritmo de vacinação.

A República Tcheca é o país que mais tem sofrido, com contaminações crescendo dez vezes mais rápido do que na Alemanha, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (EDCD). Eslováquia, Hungria e Polônia estão passando pelos surtos mais graves em meses. A República Tcheca é líder em mortes como porcentagem da população no mundo, seguida por Reino Unido e Hungria, que recentemente ultrapassaram a Itália, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

Há um ano, os países do Leste Europeu reagiram rapidamente aos surtos e as medidas restritivas que adotaram ajudaram a evitar o grande impacto que a pandemia causou nos vizinhos ocidentais no mesmo período. No entanto, agora os hospitais estão sobrecarregados e os governantes alertam que os períodos mais difíceis ainda estão por vir. O agravamento da pandemia ameaça uma incipiente recuperação econômica, à medida que os governos decretam quarentenas e toques de recolher cada vez mais rígidos.

— Nossos hospitais vão sentir a maior pressão nesta semana — disse o ministro de Saúde da República Tcheca, Jan Blatny. — Quanto menos respeitarmos as medidas, mais tempo elas serão mantidas.

Os tchecos e eslovacos solicitaram aos seus parceiros da União Europeia suprimentos emergenciais de vacinas e pediram para que acolhessem alguns pacientes se eles ficassem sem vagas nos leitos de terapia intensiva. Na semana passada, o governo de Praga impôs as mais rígidas restrições em andamento, incluindo a proibição nacional de viagens entre os condados.

O ministro da Saúde da Eslováquia, Marek Krajci, renunciou na quinta-feira depois de receber críticas da coalizão governista, informou o jornal Sme.

Depois de controlar a onda inicial do vírus, a vantagem da região diminuiu conforme os governos retiravam restrições impopulares e, na maioria dos casos, não as restabeleceram quando o número de casos subiu drasticamente nos últimos meses de 2020.

Críticos afirmam que os governos do Leste Europeu, em geral, responderam muito tarde aos surtos do vírus no fim de 2020. Muitos reabriram shoppings e até bares por várias semanas antes do Natal em um momento curto de trégua das infecções, o que fortaleceu as contaminações pela Covid-19 no começo de 2021, segundo epidemiologistas.

Em contraste, a Europa Ocidental tem sido mais cautelosa na flexibilização de medidas. A Alemanha, na semana passada, aprovou um plano para relaxar as restrições gradualmente até o fim do mês.

O Banco ING acredita que os casos na República Tcheca devem começar a desacelerar por causa das restrições. A última leva de quarentenas tem como foco prioritário a mobilidade, e a produção industrial não é tão afetada;

— O processo para uma rápida recuperação econômica do segundo trimestre em diante se mantém intacto, especialmente porque o ritmo da vacinação deve aumentar — disse o estrategista do ING Petr Krpata. — No entanto, ainda há uma dura estrada até lá.

A Polônia registrou 21.045 infecções por Covid-19 nas últimas 24 horas, o maior registro diário desde novembro, com a média semanal de casos dobrando em relação ao mês passado. O governo anunciou, na quinta-feira, novas restrições, como o fechamento de shoppings e academias em mais duas regiões, incluindo Varsóvia. Autoridades estão ativando hospitais de campanha em estádios e em pavilhões de exposições além de terem pedido aos médicos que adiem procedimentos que não sejam da Covid-19.

A Hungria, apesar de um certo sucesso nas vacinações graças à compra de doses russas e chinesas, intensificou as restrições nesta semana. O governo divulgou um recorde de 8.312 novos casos de infecção pelo coronavírus na quinta-feira, um salto de 47% em relação ao dia anterior. O “índice R”, que mede para quantas pessoas alguém infectado passa o vírus, subiu de 0,8 para 1,3 no fim de janeiro.

— O pior cenário possível está se materializando — lamentou o ministro da Saúde polonês, Adam Niedzielski, na quinta-feira. — Não estamos apenas lutando contra um crescimento dinâmico das infecções, a tendência parecia ser duradoura.