Torcedores ameaçam estuprar esposa de atacante da Série A

Publicado em 28/10/2015, às 17h45
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Redação

Zé Love foi ameaçado por um torcedor (Crédito: Reprodução)

“Quando estava indo para o ônibus, um infeliz veio me xingar, disse que minha vida em Goiânia havia acabado, que não era para eu sair na rua e nem a minha mulher, que estuprariam e bateriam nela grávida. Nenhum ser humano consegue ouvir isso, é um bandido quem fala isso”, afirmou Zé Love, do Goiás, ao Portal 730.

A absurda ameaça a mulher de Zé Love aconteceu após a derrota do Esmeraldino para o Cruzeiro no Serra Dourada. O Goiás ocupa atualmente a 18ª colocação da tabela e luta para não cair no Brasileirão. Em uma temporada em que arbitragem foi o principal alvo de polêmica, essa é a verdadeira mancha do torneio.

A violência de uma pequena parcela de ‘torcedores’ beira o inimaginável. Zé Love passou por uma experiência que ninguém deveria passar. Ter seu trabalho invadido e ter sua família ameaçada por desqualificados. Conviver com o medo. Quem irá contestar o atacante se decidir abandonar o clube de vez? Quem não cogitaria essa medida?

Zé Love ainda revelou que vai tentar identificar o ‘torcedor’ para processá-lo. No mesmo episódio, Felipe Menezes foi ofendido e quase partiu para a pancadaria com um torcedor.

O caso em questão levanta uma série de questionamentos. O que leva uma pessoa a ameaçar estuprar a mulher de um atleta por conta de um desempenho esportivo ruim? Não bastasse a violência, a homofobia e o racismo que circunda velhos templos do futebol e novíssimas arenas agora teremos que conviver com esse tipo de ameaça?

Essa histeria não é restrita ao futebol. É sintomática e mostra o atual estado de espírito de boa parte dos brasileiros. No mesmo fim de semana em que a família de Zé Love foi ameaçada houve uma grita de muitos ‘cidadãos de bem’ por conta de uma questão do Enem sobre violência contra a mulher. Um tema, no mínimo, relevante para a sociedade brasileira.

Pois bem… A questão do Enem foi chamada de ‘doutrinação’ por uns e outros. Como se um convite a reflexão sobre a violência da mulher fosse doutrinação. Segundo dados da Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal, em 2014 foram feitas mais de 52 mil denúncias de violência a mulher no Brasil.

Violência, brutalidade e cultura do estupro são tristes sinais de que o Brasil caminha para trás. Esse comportamento obtuso, não poderia ser diferente, também é refletido no futebol. Eis a ‘mancha’ do Brasileirão. Eis a vergonha de um país.


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