Tradutor portátil mostra que ainda é necessário estudar idiomas

Publicado em 03/03/2019, às 19h14
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FolhaPress

O Travis Touch é um dispositivo de bolso, parece o resultado da cruza de um smartphone com um pager, que vem com um objetivo ambicioso: fazer traduções em tempo real de 105 idiomas.

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Isso não significa, no entanto, que já é hora de abandonar o cursinho de inglês. O equipamento está longe de ser algo digno dos filmes de ficção científica ­o que não necessariamente significa que ele seja inútil.

O Travis traduz o que é falado para ele de um idioma para outro, e entrega o resultado em áudio e em texto.

O equipamento tem 11 cm de comprimento, 6 cm de largura e 1,6 cm de espessura. A tela é de 2,4".

Ele é operado usando três botões, que ficam na parte inferior do aparelho. O botão à esquerda ativa traduções do idioma A para o B. O da direita faz o contrário. O do meio ativa menus e sistema de reconhecimento por voz. O restante da navegação, como controle de volumes e seleção das línguas, é feita em uma tecla touchscreen.

O Travis Touch não é vendido no Brasil e a chegada ao país depende do interesse de algum parceiro comercial. No exterior, custa a partir de US$ 199 (R$ 750) e tem diferentes versões que adicionam funcionalidades ao aparelho ­como transcrição de reuniões na recém-lançada versão "business" e previsão do tempo na "travel".

A empresa surgiu em 2016 e lançou a primeira versão do Travis na plataforma de financiamento coletivo Indiegogo no ano seguinte. Arrecadaram US$ 1,7 milhão (R$ 6,4 milhões).

A proposta básica é fazer traduções em tempo real de um idioma para outro para intermediar a conversa entre duas pessoas. Nos testes feitos pela reportagem durante o Mobile World Congress, evento que acontece nesta semana em Barcelona, no entanto, o papo não foi tão bem.

O dispositivo demorou alguns segundos para processar as falas e entregar a tradução. Não foi o suficiente para deixar os interlocutores se olhando com cara de paisagem, mas ainda assim não teve a instantaneidade necessária para dar fluência numa conversa.

As mensagens indo de português para inglês, e vice-versa, tiveram alguns pequenos erros, mas nada que impossibilitasse alguma comunicação. Do mandarim para o português, algumas frases pareciam desconexas, com palavras faltando, e uma conversa real dessa forma poderia beirar o incompreensível.

Na prática, as traduções são feitas de forma semelhante à que já conhecemos em tradutores mais populares, presentes em computadores e celulares, como o tradutor Google.

Além disso, diferente de uma segunda língua aprendida por uma pessoa, o Travis depende de conexão com a Internet –pode ser wifi ou por um chip celular. Offline, ele é capaz de fazer conversões ao pé da letra entre 16 idiomas.

Mas afinal, já que é assim, por que não simplesmente usar o celular? A resposta vem de Nick Yap, fundador da startup que criou o Travis, em duas partes: uma técnica e outra mais prática.

A primeira se refere a como o sistema faz a tradução. Ele seleciona entre vários sistemas já prontos, entre eles o Google Tradutor, o melhor para fazer a ponte entre dois idiomas.

Yap reconhece que o Travis não é perfeito. "Só que se você não fala nada do idioma, pelo menos consegue se virar", justifica."E ,ao viajar, você pode ficar com ele na mão o tempo todo que, se for roubado, não tem sua vida toda lá dentro [como teria num smartphone].'

A demora na tradução foi atribuída por Yap à má qualidade da conexão com internet e o barulho excessivo na feira. Em condições normais, o resultado seria entregue em um segundo, garantiu.

No fim das contas, até dá pra se comunicar com o auxílio do aparelho, mas é um exagero pensar que é possível realmente conversar com ele fazendo o meio-campo. Quem sabe no ano que vem?

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