TSE fará sessão para decidir impasse em licitação de urnas eletrônicas

Publicado em 07/01/2020, às 23h59
EBC -

FolhaPress

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se reunirá nesta quarta-feira (8) para decidir sobre um impasse em licitação de urnas eletrônicas, que, caso não seja resolvido, pode travar a substituição de equipamentos obsoletos para a eleição de 2020. O tribunal se reunirá extraordinariamente, já que está em recesso durante o mês de janeiro.

LEIA TAMBÉM

Apesar disso, vai deliberar sobre recurso do consórcio da empresa Smartmatic, que já foi negado pela ministra Rosa Weber, presidente do TSE. A empresa foi desclassificada na análise técnica, assim como a única outra concorrente, a Positivo. 

No recurso, segundo a própria companhia, ela pede que seja revista a desclassificação afirmando que não foram realizadas as diligências devidas. O TSE afirmou que o documento ainda não foi disponibilizado para consulta. 

No momento, portanto, não há nenhuma concorrente apta para fornecer ao TSE as 180 mil urnas solicitadas. A licitação foi aberta em setembro de 2018, com valor de R$ 696,4 milhões e limite de R$ 766 milhões para o montante a ser contratado (o valor inicial, mais 10%).

O objetivo é substituir urnas eletrônicas antigas, de 2006 e 2008, consideradas obsoletas, e equipar novas seções eleitorais. O volume a ser adquirido seria o equivalente a 32% das 550 mil urnas existentes hoje no país.

Duas concorrentes se inscreveram na licitação: a Positivo, um grupo brasileiro, e o consórcio da americana Diebold com a Smartmatic, que tem sede em Londres e é controlada por empresários venezuelanos.

O grupo chinês Byd, que também havia requisitado mais tempo, não compareceu à sessão de entrega dos documentos e portanto não pode concorrer. A americana Diebold é a fabricante de quase todos os lotes de urnas usadas no Brasil desde 1996.

Já a Smartmatic entregou equipamentos para 15 pleitos recentes na Venezuela, de 2004 a 2017, durante governos chavistas, que tiveram eleições marcadas por denúncias de fraudes.

Em 2017, a empresa rompeu com o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, e afirmou que o regime mentiu sobre a taxa de comparecimento nas eleições, visto que o número registrado pela companhia foi menor.

Antes de se associarem neste ano, as empresas disputaram as licitações do TSE para urnas desde 2009, sempre com êxito da americana.

A licitação se refere à compra do equipamento físico, uma vez que o sistema de votação é desenvolvido pelo próprio tribunal, para que haja segurança na votação. Nas novas urnas, o visor ficará acima, e não mais ao lado do teclado como no modelo atual, que, segundo a corte, privilegia o eleitor destro. O novo formato, segundo estudos, exige menor movimentação dos olhos e tornará a votação mais rápida.

Haverá ainda inovações na criptografia dos dados, para tornar ainda mais difícil a possibilidade de captura –no Brasil, nunca foi comprovada fraude dessa natureza. Os terminais do mesário, segundo a previsão do edital, terão agora tela sensível ao toque.

Outra ideia é aumentar a velocidade de processamento e que os novos equipamentos tenham baterias de lítio, e não de chumbo. Elas são mais leves e exigem recargas em prazos mais longos.
As urnas não são conectadas à internet e, segundo o tribunal, não há registro de fraudes em 22 anos do uso da urna eletrônica.

O último Teste Público de Segurança, realizado em novembro de 2019, apontou falhas pontuais de segurança, mas o TSE afirma que elas foram corrigidas e não comprometem as votações.

Peritos conseguiram, por exemplo, ter acesso a alguns circuitos da urna, mas não passaram pelo sistema de segurança para modificar os votos, segundo relatório disponibilizado pelo TSE.
A Folha procurou o tribunal para saber sobre possíveis planos de contingência caso a licitação não possa ser cumprida, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Líder do PL na Câmara dos Deputados nega desvios de verbas Protótipo de carro voador produzido no Brasil faz primeiro voo Polícia prende segundo homem envolvido no roubo de obras de arte em SP Polícia Federal mira deputados em operação que apura desvio de cotas parlamentares