Uber demite mais de 20 funcionários acusados de assédio sexual

Publicado em 08/06/2017, às 18h46

Redação

O Uber mergulhou em uma maré de escândalos tão forte que a história poderia até render uma adaptação para o cinema. Mas, aos poucos, a companhia tenta reparar os estragos: a medida mais recente culminou na demissão de pelo menos 20 funcionários. O motivo principal? Assédio sexual.

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Em fevereiro, a engenheira de software Susan Fowler usou o seu blog pessoal para relatar, com riqueza de detalhes, o assédio que sofreu enquanto trabalhava no Uber. Ela explica que, do primeiro ao último dia de trabalho na companhia, um gerente a abordava com a intenção de ter relações sexuais.

Denúncias de assédio sexual devem ser levadas a sério pelas empresas, dada a gravidade do assunto. Fowler afirma ter procurado o RH do Uber diversas vezes para relatar o problema, mas não obteve apoio em nenhuma delas. A empresa só iniciou uma investigação depois que a engenheira saiu do emprego e relatou o caso no blog.

Sendo mais preciso, a investigação só foi conduzida depois de o caso ganhar o noticiário. O próprio CEO do Uber, Travis Kalanick, tentou amenizar o problema dizendo que a empresa se esforça para oferecer um ambiente de trabalho adequado para todos. Mas o caso de Fowler motivou o surgimento de várias outras denúncias, dando a impressão de que o sexismo é preponderante no Uber.

Cerca de um mês após as investigações, ninguém menos que Arianna Huffington, fundadora do The Huffington Post e integrante do conselho administrativo do Uber, declarou que o assédio sexual não é um “problema sistêmico” na empresa. Apesar disso, as investigações continuaram. Eric Holder, um renomado jurista dos Estados Unidos, foi contratado só para cuidar das denúncias.

Eis o resultado: fontes próximas à companhia relataram à Bloomberg que ao menos 20 pessoas foram desligadas do Uber e outras 30 receberam advertências. Essas ações são oriundas da análise de 215 denúncias. Destas, cerca de 100 foram arquivadas e quase 60 continuam em averiguação.

O Uber acabou confirmando as decisões, mas também frisou que, das 215 denúncias, somente 47 são relacionadas a assédio sexual. Há também denúncias de discriminação, retaliação e bullying, por exemplo.

Os nomes dos funcionários desligados e advertidos não foram divulgados. A única possível exceção é o caso de Eric Alexander, que atuou como líder da área de negócios da empresa na Ásia Pacífico. Possível porque não está claro quando ele foi demitido. Sabe-se apenas que o desligamento teve como causa o estupro de uma mulher de 26 anos na Índia dentro de um carro do Uber. O crime ocorreu em 2014.

A demissão teria sido motivada pelo fato de Alexander ter tido acesso indevido aos registros médicos da vítima (que são confidenciais) e, posteriormente, compartilhado essas informações com Kalanick. O autor do crime, por sua vez, foi detido e condenado à prisão perpétua.

Mais mudanças estão vindo aí. Além de Holder, o Uber contratou Bozoma Saint John, ex-executiva da Apple Music. Sua função é renovar a imagem da marca, promovendo principalmente a diversidade dentro da companhia.

Frances Frei é outra contratação de peso. Ela levará sua experiência como professora da Harvard Business School para, como vice-presidente, reformular as áreas de liderança e estratégia do Uber.

Se todas essas medidas vão surtir efeito? Ainda não dá para saber. Mas seria insano se, diante de tantos problemas, o Uber insistisse em fingir que nada de errado estava acontecendo.

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