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Ufal aciona Procuradoria Federal apurar ato de repressão e extremismo no campus

| 06/10/16 - 08h10
Reprodução

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal), publicou, na noite dessa quarta (4), uma nota de repúdio a uma agressão sofrida por estudantes e professores do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) por parte de dois homens que foram ao bloco para realizar “atos de violência, intimidação, perseguição e extremismo”. O caso será encaminhado para a Procuradoria Federal.

Um deles estava com vestimentas do Exército Brasileiro e, segundo testemunhas, estaria armado – informação que foi confirmada pelo outro, identificado como Antonio David, postada em uma rede social. 

Antonio David se apresenta na internet como delegado nacional do Partido de Reestruturação da Ordem Nacional (Prona) e seria apoiado pela deputada estadual de São Paulo Patrícia Lima, do mesmo partido.

De acordo com comentários de Antônio em sua página pessoal, a ideia de ir à universidade era “ser fascista um pouquinho”.  Na publicação que causou indignação nas redes sociais, Antonio defende “repressão constante e massiva” aos “esquerdinhas” e aparece em foto com o suposto soldado do Exército.

Segundo relato do próprio Antônio, ao chegar no bloco da Ufal escoltado pelo suposto soldado, que estaria armado, passaram pelos estudantes e seguiram arrancando panfletos de com conteúdo socialista por cerca de 40 minutos. “Retiramos a foto com todos eles nos olhando sem darem um piu sequer. Fomos embora e a repressão ficou entalada na garganta deles! Kkkk. Esses parasitas devem ser expurgados da Ufal”, escreveu.

A reportagem do TNH1 tentou entrar em contato com o 59º Batalhão de Infantaria do Exército, mas as ligações não foram atendidas.

Nota de Ufal

NOTA DE REPÚDIO À AGRESSÃO SOFRIDA POR
ESTUDANTES E PROFESSORES DO ICHCA

A reitora da Universidade Federal de Alagoas professora Maria Valéria Correia, e o vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), professor Alberto Vivar Flores, repudiam veementemente os acontecimentos envolvendo a comunidade acadêmica do Instituto, que relatou atos de violência, intimidação, perseguição e extremismo na localidade, conforme pode ser visualizado em postagens e vídeos que circulam nas redes sociais.

Segundo informação dos estudantes e professores, integrantes do movimento intitulado "Nacionalistas" chegaram ao local acompanhados de uma pessoa vestida com a indumentária alusiva ao Exército Brasileiro, portando arma, arrancando e rasgando cartazes. Uma professora, inclusive, relatou que sofreu agressão verbal e que houve ameaça de lançamento de um explosivo no Instituto.

No perfil do Facebook de um defensor do movimento, consta o seguinte: "Não somos doces, somos amargos!!!! Repressão constante e massiva. Aos esquerdinhas, levei apenas um militar, se chorarem muito, na próxima levarei à (sic) tropa  toda para limpar esse pandemônio".

Diante desses acontecimentos, a gestão da Universidade reitera o princípio da pluralidade e o espírito democrático, não admitindo qualquer forma de repressão, perseguição ou coação. Por isso, o caso já foi encaminhado à Procuradoria Federal para que seja realizada uma apuração interna e tomada das providências legais cabíveis.

Maceió/AL, 05 de outubro de 2016.

Maria Valéria Correia
Reitora

Alberto Vivar Flores
Vice-diretor do ICHCA