O Tempo
Um vídeo mostra o assassino confesso Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, disparando com uma arma de fogo durante uma festa de réveillon. Ele foi indiciado pelo homicídio de Laudemir de Souza Fernandes, morto a tiros no dia 11 de agosto no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte.
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Nas imagens, Renê aparece na sacada de uma casa, ao lado de outro homem. Em determinado momento, uma voz indica: “Para cima”. O empresário, após atirar, responde: “É tiro e queda”. Logo depois, acrescenta: “Pegou, arranca perna, filho”.
Um vídeo mostra o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, disparando com uma arma de fogo durante uma festa de réveillon. Ele é o assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes, morto a tiros no dia 11 de agosto no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo… pic.twitter.com/nGK1nlvQba
— O TEMPO (@otempo) September 3, 2025
Fascínio por armas
Em entrevista coletiva ao anunciar o indiciamento dele por homicídio, ameaça e porte ilegal de arma, a Polícia Civil revelou que Renê tinha um fascínio por armas de fogo. Além disso, demonstrava interesse pelo cargo ocupado pela esposa, chegando a exibir imagens em que aparecia com o distintivo dela.
O crime
Na manhã de segunda-feira (11/8), por volta das 9h, houve uma confusão no trânsito na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. Um caminhão de coleta de lixo estava parado quando um carro BYD cinza, vindo na direção contrária, se aproximou. O motorista do carro — apontado como o suspeito — teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, dizendo que “iria atirar na cara” dela. Logo depois, ele teria atirado contra o gari Laudemir de Souza Fernandes, que estava trabalhando na coleta.
O gari foi atingido na região torácica, próximo às costelas, e socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos. Após o disparo, o suspeito fugiu no mesmo carro BYD cinza e foi localizado pela polícia na tarde do mesmo dia, enquanto malhava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Ele foi preso sem oferecer resistência. Conforme relatos das testemunhas, pouco antes de ser atingido, Laudemir teria dito: “Acertou em mim”. Testemunhas que estavam no local do crime afirmaram que o suspeito “saiu tranquilo e com semblante de bravo” após atirar na vítima.
Indiciamento de empresário e delegada
Dezoito dias após o crime, a Polícia Civil, por meio do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), indiciou Renê da Silva Nogueira Júnior por homicídio duplamente qualificado — por motivo fútil e meio que impossibilitou a defesa da vítima —, ameaça e porte ilegal de arma. Já a esposa dele, Ana Paula Lamego Balbino, foi indiciada por ter cedido a própria arma, de uso pessoal, para o suspeito.
O indiciamento da delegada, com base no artigo 14 do Estatuto do Desarmamento, foi feito após o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) comprovar que ela sabia que o marido utilizava sua arma. “(No estatuto) estão previstos os verbos ‘ceder e emprestar’. Ela vai ser responsabilizada com base nessa conduta”, explicou o delegado Evandro Radaelli.
O que acontece com a delegada?
Apesar do indiciamento, Ana Paula ainda não perdeu o cargo de delegada. Ela está afastada das funções desde 13 de agosto, dois dias após o crime, em razão de tratamento de saúde no hospital da Polícia Civil. De acordo com o delegado Saulo Castro, a delegada poderá retornar às atividades ao fim da licença, caso não haja decisão judicial ou administrativa em sentido contrário. “Se não houver nenhum tipo de impedimento legal, ela retorna às atividades. Exceto se, ao longo das apurações, houver ordem judicial em sentido contrário”, afirmou.
A corregedoria ainda não terminou a perícia no celular dela. Exames feitos no celular de Renê constataram que os dois conversaram no dia do crime. No entanto, não foi possível assegurar o teor dessas conversas. Apesar disso, foi possível comprovar que ela sabia que o marido usava a arma pessoal dela com frequência.
Segundo a Lei Orgânica da Polícia Civil de Minas Gerais, o processo administrativo disciplinar (PAD) — que é instaurado após sindicância preliminar — deve ser concluído, em regra, em até 180 dias.
Empresário pesquisou consequências do crime
Após o crime, Renê pesquisou as "consequências" do assassinato, conforme revelou a Polícia Civil. "Com base na extração do celular do investigado, podemos concluir que ele realizou, após a prática do crime e depois de sair do trabalho, diversas pesquisas no celular referentes às consequências do que havia praticado", afirmou o delegado Evandro Radaelli. Esse foi um dos elementos que deu robustez à investigação da Polícia Civil.
Ainda conforme o delegado, ficou evidente que o homem pesquisou sobre a montadora do veículo e sobre o comando de voz. Às 13h01, ele chegou a sintonizar uma rádio mineira, possivelmente para acompanhar as notícias relacionadas ao caso.
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