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Pelo menos 59 corpos foram encontrados na costa leste da Itália neste domingo, após um barco com imigrantes naufragar no Mar Mediterrâneo, de acordo com a Guarda Costeira italiana. Outras cerca de 80 pessoas sobreviveram. O número de vítimas pode aumentar ao longo do dia, porque as operações de busca estão em curso. Autoridades italianas acreditam que o total pode se aproximar de 100. O desastre ocorreu na região de Cutro, na Calábria.
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Grande parte das vítimas são crianças e mulheres, ainda segundo a Ansa. Entre os corpos já encontrados, oito são de crianças, sendo um deles de um bebê, relata a agência francesa RFI. Os imigrantes vinham do Irã, Paquistão, Afeganistão e Síria. O barco partiu há quatro dias de Izmir, na Turquia, de acordo com a Ansa.
A busca por sobreviventes e corpos foi prejudicada por causa do mau tempo na região neste domingo. Sobreviventes contaram aos resgatistas que entre 180 e 250 pessoas estavam no barco, reporta a Ansa.
Um dos sobreviventes afirmou que, antes do naufrágio, houve uma explosão na embarcação, segundo a RFI. Um dos homens que trabalham no resgate confirmou haver marcas de queimaduras em alguns dos corpos resgatados.
Da questa notte, la #GuardiaCostiera è impegnata nella ricerca e soccorso dei naufraghi di un barcone infrantosi lungo le coste crotonesi: 80 le persone in vita recuperate e al momento 43 le vittime.
— Guardia Costiera (@guardiacostiera) February 26, 2023
Le ricerche proseguiranno con mezzi navali, aerei e l’impiego di sub. pic.twitter.com/PLI2LUUjtn
O Mediterrâneo é o local do mundo com mais imigrantes desaparecidos, de acordo com o projeto Missing Imigrants (Imigrantes Desaparecidos), da Organização Internacional para as Migrações. Desde 2014, foram cerca de 26 mil pessoas.
Itália aprovou novas regras sobre resgate de imigrantes - O naufrágio ocorre apenas poucos dias após o Parlamento italiano aprovar regras controversas sobre o resgate de imigrantes. O governo de extrema direita italiano critica as ONGs que trabalham no resgate de migrantes, acusando esses grupos de estimularem as viagens e de encorajarem a continuidade do trabalho dos traficantes.
A nova lei restringe o trabalho dessas ONGs. Agora, os navios humanitários podem fazer apenas um resgate por saída ao mar. Isso aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo, dizem os críticos. "É inaceitável do ponto de vista humano e incompreensível, por que estamos aqui testemunhando tragédias que podem ser evitadas?", reagiu a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) pelo Twitter.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Fratelli d'Italia (FDI), assumiu em outubro com a promessa de reduzir o número de imigrantes que chegam ao país.
Neste domingo, Giorgia Meloni lamentou as mortes, que atribuiu à "ilusão de uma imigração sem regras" criada por aqueles que ajudam as pessoas em situação de vulnerabilidade a atravessarem as fronteiras. "Expresso minha profunda tristeza pelas vidas humanas perdidas pelos traficantes de pessoas", afirmou Meloni.
Já Carlo Calenda, ex-ministro e líder do partido centrista Azione, defendeu o resgate das vítimas do naufrágio de hoje. "As pessoas no mar devem ser salvas custe o que custar, sem penalizar quem as ajuda", publicou no Twitter.
Suspeito de traficar pessoas foi preso- Um homem foi preso neste domingo em Cutro sob a suspeita de ser um ou um dos traficantes das pessoas que estavam no barco que naufragou. Trata-se de um cidadão turco, detido após depoimentos de sobreviventes. Entre os restos da embarcação, foram encontrados documentos de outro suspeito. No entanto, não se sabe se a pessoa fugiu ou se está entre os desaparecidos do naufrágio.
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