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2018 foi o ano com menos mortes na Síria desde início do conflito, diz ONG

Desde o início da guerra, o OSDH documentou a morte de mais de 350.000 pessoas no país

VEJA.com | 31/12/18 - 15h22
Síria | Unsplash

O ano de 2018 foi o menos mortífero na Síria desde o início da guerra em março de 2011, anunciou nesta segunda-feira, 31, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que contabilizou quase 20.000 mortes nos últimos doze meses.

“Em 2018, registramos o menor número anual de mortes desde o início da guerra”, anunciou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

A organização contabilizou ao todo 19.666 mortes em 2018, sendo 6.349 delas de civis. Entre os civis mortos, 1.437 são crianças, segundo o OSDH, que possui uma ampla rede de fontes em toda a Síria.

Em 2017, o conflito sírio deixou mais de 33.000 pessoas mortas, de acordo com o próprio Observatório. Já 2014 continua sendo o ano mais mortífero, com mais de 76.000 mortos.

Desde o início da guerra, o Observatório documentou a morte de mais de 350.000 pessoas no país, embora esse número possa chegar a meio milhão com os casos não verificados.

Setembro de 2018 foi o mês, segundo o Observatório, no qual menos civis morreram desde o início do conflito na Síria, com 139 vítimas.

Nos meses anteriores de 2018 o número de mortes foi superior devido a ofensivas militares em diferentes pontos do país, onde o Exército sírio e seus aliados conseguiram recuperar o controle da maior parte do território que estava sob controle das facções armadas opositoras.

Neste ano, o presidente Bashar Assad reconquistou vários feudos jihadistas rebeldes graças ao apoio militar de seus dois aliados incondicionais, Irã e Rússia. Hoje, eles controlam cerca de dois terços da Síria, de acordo com a ONG.

O conflito
O conflito começou em março de 2011, quando o regime reprimiu uma série de manifestações pacíficas exigindo reformas democráticas, em meio ao movimento social na região conhecida como a Primavera Árabe.

Os oponentes do presidente Bashar Assad pegaram em armas. Mas a guerra foi se tornando uma questão mais complexa ao longo dos anos, quando potências estrangeiras e grupos jihadistas se envolveram em um território profundamente fragmentado.

Derrota do EI?
No início do mês, os Estados Unidos anunciaram a retirada as tropas de seu país da Síria, onde 2.000 soldados estão desdobrados como parte de uma coalizão internacional que luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Para o presidente Donald Trump, o EI já foi derrotado no país. Segundo a coalizão liderada pelos Estados Unidos, os jihadistas só controlam atualmente na Síria e no Iraque 1% do território que chegaram a dominar em 2014, quando proclamaram seu califado.

A superioridade dos governos do Iraque e da Síria frente aos terroristas e a capacidade deles de consolidar suas vitórias, contudo, preocupam especialistas e potências internacionais. A dificuldade desses Estados em manter a infraestrutura dos países funcionando, de incentivar a geração de empregos e de cessar a violência geral pode levar a um novo ressurgimento do próprio Estado Islâmico e de outros grupos.