70 traficantes foram flagrados por drone fazendo segurança de 'Doca' antes de megaoperação

Publicado em 13/11/2025, às 09h08
Divulgação/Disque Denúncia Rio de Janeiro
Divulgação/Disque Denúncia Rio de Janeiro

Por Extra Online

Durante uma megaoperação na Penha, o delegado Moysés Santana Gomes revelou que cerca de 70 traficantes estavam armados e preparados para proteger a casa de Edgar Alves de Andrade, o Doca, membro do Comando Vermelho, o que resultou em um confronto que deixou um delegado morto e outro ferido.

A operação, que ocorreu em 28 de outubro, foi monitorada por equipes aéreas, mas menos da metade dos policiais envolvidos usava câmeras corporais, contrariando uma determinação do STF que exige seu uso durante operações.

O delegado Fabrício Oliveira informou que houve problemas na liberação das câmeras, com 32 equipamentos indisponíveis no dia da operação, e um laudo foi produzido para verificar a situação, enquanto o MPRJ enviou documentos ao STF sobre a atuação na operação.

Resumo gerado por IA

Em depoimento ao Ministério Público do Rio (MPRJ), na última segunda-feira, o delegado Moysés Santana Gomes, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), deu detalhes de como foi o planejamento da megaoperação na Penha em 28 de outubro. Segundo ele, antes da entrada de policiais na região, equipes fizeram o monitoramento aéreo da comunidade Vila Cruzeiro e flagraram cerca de 70 traficantes fazendo a segurança de uma das casas de Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe local e membro da cúpula do Comando Vermelho.

"Até o início das incursões das forças policiais, nós já estávamos com monitoramento aéreo, então, nós sabíamos que havia um grupo grande de traficantes, que estavam posicionados, no início da operação, em frente à casa do Doca. Essa informação da casa dele, inclusive, está nos autos. [...] Eram mais de 70, todos armados com fuzis, preparados e se concentravam na porta da casa dele", reforçou em depoimento.

Foi próximo a esse imóvel que os delegados Bernardo Leal e Marcos Vinicius Cardoso foram baleados — o primeiro foi ferido na perna, e o segundo morreu após ser atingido na cabeça. Bernardo continua internado no Hospital Samaritano da Barra da Tijuca e precisa de doação de qualquer tipo sanguíneo.

A transcrição da declaração de Santana foi enviada ontem ao STF, junto a outros documentos sobre a atuação do MP envolvendo a megaoperação. O envio atende a uma determinação feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF — que também cobrou informações do governo do estado, do Tribunal de Justiça do Rio e da Defensoria Pública.

Falta de câmeras

Outra informação disponível no documento produzido pelo MPRJ diz respeito ao uso de câmeras corporais por policiais. Menos da metade dos integrantes de unidades de elite das polícias Militar e Civil que participaram da megaoperação estava usando os equipamentos.

No Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), havia 77 equipamentos para os cerca de 215 militares. No caso da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), subiram as favelas 128 agentes, mas apenas 57 usavam o equipamento. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), todos os policiais do Rio têm de usar câmeras no uniforme durante as operações.

No caso da Core, o delegado Fabrício Oliveira, responsável pela coordenadoria, explica que há disponibilidade de 100 câmeras para a equipe — o que já seria insuficiente dado o número de policiais convocados —, mas houve um problema na liberação dos equipamentos, feita por chave de acesso individual de cada agente.

“A gente teve 57 policiais com câmeras, e 32 a própria empresa disse que, no dia, estavam indisponíveis por um problema deles, da empresa”, afirmou o coordenador no depoimento. Segundo ele, a empresa foi chamada para verificar o sistema e um laudo foi produzido apontando o problema.

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