Brasil

Alagoano relata cenário assustador no RS: "Acordei de madrugada com o pessoal avisando que água tinha entrado"

Paulo Victor Malta | 11/05/24 - 16h37
O professor alagoano Aquiles Virtuozo Vieira | Arquivo pessoal

As cenas chocantes que o Brasil e o mundo têm acompanhado no Rio Grande do Sul ao longo dos últimos dias são ainda mais difíceis quando contadas por quem viveu a situação na pele. O professor alagoano Aquiles Virtuozo Vieira, de 49 anos, conversou com o TNH1 neste sábado, 11, e relatou como se assustou ao medir periodicamente o nível do Rio dos Sinos e como precisou deixar, de canoa, o hotel em que se hospedava na cidade de São Leopoldo, Região Metropolitana de Porto Alegre. 

Aquiles morava na cidade de São Leopoldo desde fevereiro, quando foi contratado pelo município para trabalhar em duas escolas locais. Ele contou que a situação começou a ficar alarmante a partir do dia 5 de maio, quando a inundação do rio passou a invadir casas e estabelecimentos pelo Centro da cidade. 

"Do hotel onde eu estava como mensalista, que é perto da rodoviária, o Rio dos Sinos passa por trás da rodoviária. Quase que três vezes ao dia eu ia olhar o nível do rio, que não parava de subir. Apesar de os muros serem altos, desde o início ficamos apreensivos. Eu perguntava aos conhecidos sobre o risco de inundar. Eles diziam que não chegaria no Centro. Mas o rio invadiu por outra área e desceu para o Centro. No início, imaginávamos que não entraria no hotel. Mas acordei 1h da manhã do domingo, dia 5, com o pessoal do hotel avisando que a água tinha entrado"


A localização do hotel em que o professor alagoano estava hospedado em São Leopoldo, cidade que fica a pouco mais de 70km da capital.
Mais acima, o Rio dos Sinos (Foto: Google Maps)

Para se ter ideia, o g1 publicou naquele 5 de maio que a medição do Rio dos Sinos bateu 9,03 metros durante aquela tarde. Foi a partir desse dia que Aquiles e a população da cidade ficaram sem água potável e energia elétrica. 

"Todos os dias o pessoal das canoas ia nas ruas levar água, comida, frutas e todos estavam procurando resistir. Mas com a possibilidade de chegar novas chuvas e aumentar ainda mais o nível das enchentes, todo mundo ficou mais apreensivo".


Atualização da Prefeitura de São Leopoldo sobre o Rio dos Sinos neste sábado, 11 de maio de 2024 (Foto: Divulgação)

Ao chegar de canoa na base comunitária em uma avenida próxima ao hotel, Aquiles disse que recebeu ajuda e orientações. 

"Quando cheguei lá, procuraram saber se eu estava bem, quiseram me dar remédio para tentar controlar o meu emocional. Procuraram ver se eu estava conseguindo equilibrar, não me deixaram pegar peso, eu estava com três malas, cada um pegou uma mala minha para que eu não pegasse peso, pensando que de repente eu estivesse atordoado e tal", relembrou.


Vista aérea da cidade de São Leopoldo após as enchentes (Foto: Prefeitura de São Leopoldo)

Depois de ser atendido pelas autoridades, o professor conseguiu pegar um carro de transporte comunitário por aplicativo e ir até Porto Alegre, onde se hospedou no apartamento de uma amiga. "Fui para a casa dessa minha amiga. Tomei banho, fiz toda minha higiene, porque até então no hotel não tinha água, energia, não tinha nada. Peguei um carro de aplicativo para Florianópolis e de lá fui para Recife de avião. De Recife, vim para Maceió"

A saga para deixar o hotel em São Leopoldo e retornar para capital alagoana e reencontrar a esposa e os quatro filhos durou dois dias. 

"Tudo que vi lá foi muito assustador. As pessoas perdendo tudo. Como eu estou ensinando lá em duas escolas, estou no grupo de Whatsapp dos professores que trabalham nessas escolas. Os relatos deles são terríveis. Professores e alunos que perderam tudo. À tarde eu tenho uma turma com 18 alunos de quatro anos de idade, em uma creche, as informações que recebemos da maioria dos familiares dos alunos é que perderam tudo, que a água chegou no teto e ao primeiro andar de alguns prédios", desabafou Aquiles.

O boletim divulgado na manhã deste sábado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualiza para 136 o número de mortos em razão das enchentes no estado gaúcho. Há ainda 756 pessoas feridas, enquanto 125 seguem desaparecidas.

Até o momento, 444 municípios foram afetados pelos fortes temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o fim de abril. Os números mostram 71.398 pessoas em abrigos, 339.928 desalojadas e um total de 1.951.402 pessoas afetadas.


Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) liberou na sexta-feira, 10, o tráfego de veículos de emergência na BR-116, em São Leopoldo (Foto: Prefeitura de São Leopoldo)

Enquanto as autoridades municipais, estaduais e federais unem forças com a sociedade brasileira, que tem arrecadado toneladas de doações e mobilizado milhares de voluntários para ajudar a salvar vidas, há ainda um longo caminho para contabilizar também os prejuízos estruturais e materiais no Rio Grande.  

"Como na escola que ensino pela manhã, onde a água chegou ao primeiro andar. Todas as escolas lá têm tela interativa, a maioria dos diretores fica preocupada com o tamanho do que se perdeu, de toda estrutura tecnológica que as escolas disponibilizam para facilitar as aulas de interação com as disciplinas", lamentou o professor.


A casa de uma professora amiga de Aquiles (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)

Volta para casa - Já em Maceió, ao lado da esposa e dos filhos, Aquiles refletiu sobre o que viu e viveu nos dias de apreensão isolado no hotel. 

"A solidariedade em meio à tragédia, que perdeu muito, compartilhando o pouco que sobrou com quem perdeu tudo. A vivência em confinamento de pessoas diferentes, o 'Big Brother' da vida real".

Saiba como ajudar - PSCOM, em uma iniciativa do Pajuçara Social, núcleo de responsabilidade social do Pajuçara Sistema de Comunicação, informa nesta página fontes confiáveis para quem deseja realizar doações em dinheiro, além dos principais pontos de arrecadação em Alagoas. 

► ONDE REALIZAR DOAÇÕES EM DINHEIRO?
  • PIX SOS Rio Grande do Sul:

  • Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul - CNPJ: 92.958.800/0001-38

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  • Banco do Brasil 
    O Banco do Brasil (BB) abriu um canal para doação de recursos financeiros em prol das vítimas das enchentes. Os depósitos podem ser feitos por meio de Pix (e-mail pix.enchentesrs@fbb.org.br) ou na conta-corrente 51.000-9, da agência 1607-1.

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  • Agências dos Correios no site dos Correios (clique aqui) é possível checar qual unidade está perto de você.

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  • Mercatto Praia – Avenida Desembargador Valente de Lima, 130, Jatiúca.

  • Boteco Lugar Nenhum – Rua Hamilton de Barros Soutinho, 962, Jatiúca

  • Onlog – Avenida Fernandes Lima, 990, Pitanguinha

  • Clínica Veterinária e Pet Shop Mundo Animal – Rua Santa Luzia, Galeria Sagrado Coração de Jesus, Sala 8, Tabuleiro do Martins

  • Casa Tuca – Rua Santo Antônio, 980, Vergel do Lago

  • Colégio Santíssimo Senhor, Conjunto José Tenório, Lot. Brisa da Serraria, 302, ao lado da igreja de Santa Terezinha

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