Assassino confesso de gari diz ter sido taxado como 'empresário da Shopee'

Publicado em 26/11/2025, às 16h46
Foto: Reprodução
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Por O Tempo

Renê da Silva Nogueira Júnior, confesso assassino do gari Laudemir de Souza Fernandes, se defendeu no Tribunal do Júri, alegando ter sido julgado pela imprensa e apresentando diplomas e certificados de cursos como parte de sua defesa.

Instituições de ensino negaram vínculos acadêmicos com Renê, que afirmou ter formações em universidades renomadas, mas a PUC-Rio não encontrou registros de sua graduação ou MBA.

Durante a audiência, a defesa solicitou mais tempo para requerer dados do celular do réu, e a juíza concedeu dois dias para a apresentação dos documentos, enquanto outras testemunhas foram ouvidas no processo.

Resumo gerado por IA

Após anexar ao processo uma série de diplomas e certificados de cursos que comprovariam sua formação acadêmica, Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, reclamou, durante oitiva no Tribunal do Júri, que teria sido "julgado pela imprensa" ao ser comparado com um "empresário da Shopee". 

A fala ocorreu nesta quarta-feira (26/11), durante o segundo dia de audiências de instrução, realizadas no 1º Tribunal do Júri Sumariante do Fórum Lafayette, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul da capital. Nesta etapa, são apresentados depoimentos, provas e argumentos ao juiz. 

Os documentos apresentados pela defesa no processo ainda passarão por análise dentro do processo. Os advogados de Renê Júnior juntaram diplomas e certificados de:

  • Curso superior de tecnologia em marketing na Universidade Estácio de Sá
  • Especialização MBA em Varejo e Mercado de Consumo na Universidade de São Paulo (USP)
  • Programa de Desenvolvimento de Conselheiros na Fundação Dom Cabral
  • Curso de Desenvolvimento Pessoal para Líderes na Harvard Business Review Brasil
  • Programa de treinamento da Ambev

Em agosto, dias após o assassinato do gari, várias instituições negaram qualquer vínculo acadêmico com Renê. O empresário afirmava em seu perfil no LinkedIn ter formações na PUC-Rio, na Universidade de São Paulo (USP), na Harvard Business School, entre outras.

A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, no entanto, afirmou não ter localizado "qualquer registro" do réu, tanto na graduação quanto no MBA (Master of Business Administration, ou Mestrado em Administração de Empresas em tradução livre). 

O julgamento


De acordo com o Fórum Lafayette, o segundo dia da audiência de instrução chegou ao fim às 11h30. Apesar de ter se negado a responder perguntas no tribunal, o réu "contou um pouco de sua história". Ao falar sobre o ocorrido, ele chegou a alegar que estaria sendo "perseguido", completando que "não sabe dizer se o seu casamento com a delegada resistiu ao ocorrido".

Ainda durante a oitiva do réu, ele alegou que estava armado no dia após ser ameaçado por um ex-sócio, ligado ao jogo do bicho, e, ainda, que passou 30 minutos preso no trânsito naquele dia e que teve a oportunidade de "atirar em outras pessoas, mas não o fez". 

No final da audiência, ainda segundo a Justiça, a defesa do empresário pediu um prazo maior para fazer um "requerimento sobre o recolhimento de dados do celular do Renê". Diante disso, a juíza Ana Carolina Rauen concedeu dois dias a partir de 1º de dezembro para os advogados apresentem os requerimentos. 

Neste segundo dia de audiências, além de Renê, também prestaram depoimento outras quatro testemunhas indicadas pela defesa do réu, sendo três policiais e uma pessoa ligada à empresa onde ele trabalhava.

Por nota, a defesa técnica de Renê informou que todas as testemunhas presenciais do caso foram ouvidas na qualidade de informantes "por terem interesse no resultado do processo, vez que ajuizaram ação indenizatória". "Restou comprovado que não houve reconhecimento do réu na forma da lei processual, que os projéteis foram recolhidos por transeunte não identificado, em clara quebra da cadeia de custódia da prova, e que a obtenção de acesso ao celular do acusado se deu sem a prévia comunicação dos seus advogados em notória violação ao princípio da não autoincriminação. No mais, confiamos que o trabalho seja reconhecido e alcance resultados pretendidos", escreveram os advogados Bruno Rodrigues e Thiago Minagé.

O crime


Na manhã da segunda-feira  de 11 de agosto, por volta das 9h, houve uma confusão no trânsito no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. Um caminhão de coleta de lixo estava parado quando um carro BYD cinza, vindo na direção contrária, se aproximou. O motorista do carro, Renê da Silva Nogueira Júnior, teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, dizendo que “iria atirar na cara” dela. Logo depois, ele teria atirado contra o gari Laudemir de Souza Fernandes, que estava trabalhando na coleta.

O gari foi atingido na região torácica, próximo às costelas, e socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos. Após o disparo, o suspeito fugiu no carro BYD cinza e foi localizado pela polícia na tarde do mesmo dia, enquanto malhava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Ele foi preso sem oferecer resistência. Conforme relatos das testemunhas, pouco antes de ser atingido, Laudemir teria dito: “Acertou em mim”. Testemunhas que estavam no local do crime afirmaram que o suspeito “saiu tranquilo e com semblante de bravo” após atirar na vítima.

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