Bariátrica ou canetas emagrecedoras? Estudo revela qual método é mais eficaz

Publicado em 17/09/2025, às 17h43
Foto: Karime Xavier/FolhaPress
Foto: Karime Xavier/FolhaPress

Por CNN Brasil

Quando o assunto é tratamento para obesidade, além da prática de exercícios físicos e da dieta, estratégias como a cirurgia bariátrica e o uso de medicamentos como Olire, Saxenda, Wegovy e Mounjaro -- chamadas popularmente como "canetas emagrecedoras" e tecnicamente de análogos do GLP-1 -- são as mais indicadas. Porém, um novo estudo comparou os dois métodos para saber qual é mais eficaz para a perda de peso.

Publicado nesta quarta-feira (17) na revista médica JAMA Surgery, o trabalho mostrou que a cirurgia bariátrica foi associada a um tratamento mais eficaz e duradouro para obesidade grau II e III, além de gerar custos mais baixos para os pacientes do que o uso de medicamentos análogos ao GLP-1.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram informações de prontuários de 30.458 pacientes de um banco de dados nos Estados Unidos. Os pacientes foram tratados para obesidade entre 2018 e 2023 e acompanhados por, pelo menos, um ano. Os que fizeram cirurgia bariátrica tinham, em média, 34 meses de acompanhamento, enquanto os que usaram as canetas emagrecedoras foram acompanhados, em média, por 32 meses.

Os pesquisadores compararam medidas como perda de peso, custos mensais com farmácia e assistência médica ao longo de até dois anos após o tratamento inicial, uso de serviços de saúde (internações, emergências, consultas, etc.), além de comorbidades relacionadas, como hipertensão, apneia do sono e dislipidemia (alteração nos níveis de gordura no sangue).

Segundo o estudo, quem fez cirurgia bariátrica perdeu cerca de 28,3% do peso total, em comparação com 10,3% entre aqueles que usaram os medicamentos. Quase todos que fizeram cirurgia mantiveram uma perda de, pelo menos, 10% do peso (96%), enquanto no grupo dos medicamentos de GLP-1, 46% dos pacientes se mantiveram nesse patamar.

Em relação aos custos, no primeiro ano após o tratamento, os custos mensais para a cirurgia foram mais altos. Já no segundo ano, esses gastos caem significativamente, enquanto o grupo que usa medicamentos segue com custo alto devido ao gasto contínuo em farmácias.

Somando dois anos, o custo total médio foi de US$ 63.483 (cerca de R$ 336.491,55 milhões) para o grupo de medicação GLP-1, contra US$ 51.794 (cerca de R$ 274.534,02) para os operados.

Por fim, o estudo sugere que pacientes pós-cirurgia tiveram menos internações, menos visitas ambulatoriais e menos emergências do que pacientes que usaram GLP-1. Também foi observada uma menor prevalência de doenças associadas à obesidade no acompanhamento (por exemplo, hipertensão, apneia, dislipidemias, etc.) no grupo de cirurgia.

Na visão dos autores, a cirurgia não deveria ser vista somente como "último recurso" para pacientes com obesidade de grau II e III. No entanto, os pesquisadores reconhecem que as medicações da classe dos GLP-1, como Wegovy e Mounjaro, têm papel importante e eficácia comprovada para o tratamento da obesidade.

Apesar dos resultados, os autores apontam que o estudo tem limitações, como o fato de que nem todos os pacientes tinham dados de peso (ou seja, esse dado veio de um subconjunto). Além disso, foram usadas diferentes drogas GLP-1 juntas, que têm diferentes potências; algumas mais fortes (como a semaglutida, do Wegovy, e a tirzepatida, do Mounjaro) foram menos representadas.

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