por Pedro Acioli*
Publicado em 06/10/2025, às 10h02
Três vezes em 60 dias. Este foi o número de vezes que o botão de pânico da vítima de estupro de Kel Ferreti foi acionado desde a saída do influenciador do sistema prisional. Os advogados da mulher classificaram como "muito abalado" o emocional da mulher, nos últimos meses. As informações foram divulgadas pelo Fantástico.
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Kleverton Pinheiro de Oliveira, mais conhecido como Kel Ferreti, havia sido condenado em abril deste ano a dez anos de reclusão pela 4ª Vara Criminal da Capital, além do pagamento de R$ 50 mil por danos psicológicos à vítima. No entanto, em agosto, a condenação teve pena reduzida de 10 para sete anos e ele passou a responder no regime semiaberto.
O influenciador pode utilizar redes sociais e frequentar festas e bares, porém não pode se aproximar da vítima do estupro. Com isso, ela anda com o botão de pânico e o acionou três vezes desde agosto.
O botão do pânico ajuda o sistema de Justiça e a polícia a fiscalizar medidas protetivas oferecidas a mulheres vítimas de violência doméstica ou abuso sexual. O botão é acionado pela mulher toda vez que o suspeito, condenado a ficar distante dela, se aproximar.
Marcelo Melo e André Sampaio, advogados da vítima, relataram que a enfermeira está deprimida e que ainda precisa se reestruturar financeiramente, já que também foi alvo dos golpes financeiros com jogos onlines, nos quais Kel é apontado como chefe da organização criminosa.
“Desde que ele saiu da prisão, ela está muito mais abalada do que estava antes. [...] Ela tem que se reerguer do zero, inclusive financeiramente”, declararam os advogados.
O abuso sexual aconteceu no dia 16 de junho de 2024, em uma pousada localizada no bairro de Cruz das Almas, em Maceió. No processo, o relato da vítima, que terá a identidade preservada, aponta que durante o ato sexual ocorreram socos, tapas, estrangulamento e choro. Ela diz ainda que tentou sair, mas que nada disso teria feito o influenciador parar.
Áudios de Kel Ferreti
O ex-PM alagoano também é acusado de chefiar uma quadrilha de golpes financeiros online através do famoso “jogo do tigrinho”. Segundo o MP, Kel divulgava links e grupos de apostas, além de atuar em rifas manipuladas junto a outros influenciadores denunciados, e também condutas de lavagem de dinheiro. O Fantástico teve acesso a áudios exclusivos do influenciador admitindo que manipulava os sorteios.
Em uma das conversas divulgadas, o suspeito admitiu que divulgar sorteios e manipulá-los para não fornecer os prêmios.
“Esse bilhete aqui vale R$10 mil, sendo que a gente reserva o bilhete. Aí o povo fica comprando enlouquecidamente pra achar o bilhete. A gente não dá esse prêmio, entendeu?, diz Kel.
Em outros dois áudios, Ferreti confessa que as rifas são ilegais e que até evita usar o nome para evitar complicações, ele também revela que ganhava dinheiro com a perda financeira dos apostadores.
Rifa é ilegal mesmo. Por isso eu que evito botar o nome 'rifa', eu falo: 'ação'. [...] Vamos na mente do povo. Eu vou ganhar nos cadastros, na perda e na galera que eu botar dentro"
O Ministério Público aponta que, na época da operação, a organização fazia utilização de “laranjas” para ocultar bens, como os veículos de luxo registrados em nome de terceiros, mas exibidos nas redes sociais como se fossem dos investigados. Além de dez veículos de luxo, também foi requerido o bloqueio de mais de R$ 21 milhões de reais.
A defesa de Kel declarou que o influenciador apenas divulga os jogos de azar, não sendo proprietário de alguma plataforma. Além disso, o declarou inocente da acusação de estupro.
Confira a nota:
"A função 'empreendedor digital' se resume à divulgação e publicidade, inclusive contratados apenas para tal finalidade, não sendo, de forma alguma, proprietários de qualquer plataforma.
Em relação à acusação de estupro, o influenciador repudia com veemência as falsas acusações que lhe foram imputadas, reafirmando sua total inocência. Com isso, confiamos que, em sede recursal, a Justiça reconhecerá a fragilidade da denúncia apresentada.
*Com informações do Fantástico
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