O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que o Brasil não vai "dançar ao som dos Estados Unidos". A declaração, segundo a agência de notícias russa Tass, foi dada em entrevista ao veículo de comunicação RT, ligado ao governo russo.
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Na fala, Lavrov reclamava de sanções aplicadas pelos americanos e pela Europa contra a Rússia em razão da guerra que o país promove contra a Ucrânia.
A Tass escreveu que Lavrov declarou que "vários países, incluindo China, Índia, Brasil, México, não dançarão ao som dos Estados Unidos". O ministro havia apontado que "a Europa praticamente parou de tentar defender sua independência diante dos Estados Unidos", segundo relato da agência. Para ele, a pressão das sanções sobre o governo do presidente russo, Vladimir Putin, continuará, mas a Rússia está acostumada com isso —a Ucrânia, inclusive, está discutindo novas sanções à Rússia com a União Europeia.
"Há jogadores que nunca concordarão com a existência de uma 'aldeia global' sob a liderança de um 'xerife' da América --são China, Índia, Brasil, México. Tio Sam vai dizer para eles fazerem isso", disse o ministro.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Putin poucos dias antes de o russo iniciar a invasão ao território ucraniano. O Brasil tem se colocado neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia. Na quarta-feira (16), modificou sua posição nas votações do sistema da ONU (Organização das Nações Unidas) e optou por se abster em uma resolução contra a Rússia. Esta semana, o Brasil também optou por não se somar a uma aliança contra a Rússia na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Deve-se dizer que a Rússia não é de forma alguma um dos países que estaria pronto para saudá-la", acrescentou Lavrov.
Para ele, "os Estados Unidos estão lutando por um mundo unipolar". "Não será uma 'aldeia global', será uma 'aldeia americana', talvez um salão americano onde todos dançam ao som dos mais fortes.".
"Se você olhar para o número de países que impuseram sanções contra a Rússia, verá que a maioria daqueles que se opuseram a nós o fizeram sob forte pressão, sob chantagem", disse Lavrov.
Segundo o relato da agência, para Lavrov, a Rússia "está pronta para cooperar com aqueles que estão prontos para agir com base no respeito mútuo".
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