O artista goiano Guilherme Cardoso e Silva, 35, foi finalmente solto em 12 de setembro, após 63 dias detido pelo ICE — Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos. Ele foi preso em 11 de julho, enquanto buscava a filha mais velha, Zahara, 4 anos, na cidade onde mora, Sausalito, na Califórnia (EUA). Durante o período em que o marido esteve preso, a esposa, a maquiadora americana Rachel Leidig, 35, lutou para conseguir sua libertação, ao mesmo tempo em que enfrentava as últimas semanas da gravidez.
LEIA TAMBÉM
Na última segunda-feira (13), fez uma publicação nas redes sociais confirmando a libertação de Guilherme e comemorando o nascimento da filha, Isidore. No carrossel publicado no Instagram, Rachel compartilhou fotos dela e Guilherme segurando a bebê, assim como uma imagem do documento que comprova o arquivamento do caso do marido.
Na legenda, ela apresenta Isidore Seay Leidig-Lemes, que nasceu em 10 de outubro, às 20h02, com 3,58 kg e 48 cm. "Veio ao mundo com ambos os pais ao seu lado, cercada de família, muito amor e gratidão por podermos estar todos juntos. Um dia antes do aniversário do papai, em 11 de outubro, e é a cara do pai", escreve ela.
Rachel confirmou que Guilherme foi solto da prisão sob fiança pessoal, em 12 de setembro, por ordem de um juiz do estado de Washington, onde ele estava preso. "Ele estava sendo mantido preso sem provas e com acusações infundadas. Eu voei para participar da audiência, esperei pela libertação do meu marido e dirigi 14 horas até a Califórnia, com medo, mas também gratidão durante todo o trajeto", conta.
Na última semana, em 6 de outubro, tiveram uma nova audiência e, após a sessão, o advogado deles afirmou que o processo criminal no estado de Washington havia sido arquivado pela promotoria e todas as acusações foram retiradas. "Entre 12 de setembro e 6 de outubro fomos orientados a manter perfil discreto, não postar nada e ficar atentos ao redor, com medo do que está acontecendo neste país e da corrupção que vivemos na pele", explica.
Rachel também afirmou que eles ainda estão no meio do processo de imigração, mas comemorou o fato de estarem juntos. "Amamos todos vocês e somos imensamente gratos por todo o amor e apoio que têm dado à nossa família e aos nossos corações", finaliza.
Relembre o caso
Rachel e Guilherme se conheceram em agosto de 2023 e se casaram em 21 de abril deste ano. Logo no dia seguinte começaram com o processo de aplicação do green card — autorização para morar e trabalhar legalmente no país de forma permanente — de Guilherme. "Eu entrei com uma petição para um I-130 (reivindicando um parente estrangeiro) no dia em que Guilherme foi detido [em 11 de julho] e o pedido oficial I-485 para um green card foi oficialmente protocolado", afirmou em entrevista concedida à CRESCER anteriormente.
Segundo ela, Guilherme foi detido enquanto buscava sua filha Zahara, 4. "Ele foi surpreendido por seis ou sete carros. Uma agente da ICE abriu a porta do carro dele e ordenou que saísse, dizendo que havia um mandado de prisão. Gui pediu para ver o mandado, mas ela respondeu que não precisava mostrar. Um outro agente o puxou para fora do carro, tomou seu celular — já que ele estava gravando a abordagem — e o empurrou contra o veículo para algemá-lo", explicou. Guilherme contou que os outros agentes, todos mascarados, estavam rindo e fazendo piadas.
Ver essa foto no Instagram
Ele foi levado a Ferndale, em Washington, onde ficou detido por dois dias. "As condições eram terríveis. Gui foi colocado com correntes que iam dos tornozelos aos pulsos, dormiu no chão e chegou a vomitar por causa da comida que lhe foi oferecida. Por lei, a ICE poderia mantê-lo nessas condições temporárias por até 12 horas, mas ele só foi transferido para o centro de detenção de Tacoma após 38 horas", disse.
Mesmo após Rachel pagar integralmente a fiança determinada pelo juiz, em 29 de julho, o marido não foi solto. Em vez disso, foi transferido a um centro de detenção em Washington, sob a justificativa de “suposta irregularidade em seu status migratório”.
Segundo informações da NBC News, ele vivia no país de forma irregular, com um visto de turismo B2 que havia expirado em 2017. No entanto, de acordo com Rachel, Guilherme era “patrocinado” ("sponsored", em inglês) pela ex-esposa e, após a separação, Guilherme conseguiu um visto de trabalho, que não expirou até que ela passou a ser sua nova patrocinadora. Nos Estados Unidos, esse tipo de patrocínio significa que alguém — geralmente um familiar ou empregador — assume a responsabilidade legal e financeira pela pessoa durante o processo de imigração, garantindo sua permanência legal no país.
'O sistema de imigração nos EUA está quebrado'
A maquiadora afirmou que enfrentou diversos obstáculos durante o processo e que Guilherme até chegou a ser acusado de abuso contra sua filha. Mas, todas as acusações foram retiradas por falta de provas. Segundo Rachel, o caso de Guilherme não é isolado. "O sistema de imigração nos EUA está quebrado. O presidente está dizendo que está tentando deter e deportar criminosos, o que é mentira. Gui não é um criminoso, eles não tinham um mandado de prisão contra ele e ele não tem antecedentes criminais", ressaltou.
"Ele é pai, marido e um artista visual talentoso e trabalhador. Gui é uma pessoa incrível, sua comunidade o ama. Isso parece mais racismo direcionado em nome de Trump. O ICE está mirando latinos, detendo qualquer um para aumentar seus números de detentos", acrescentou.
LEIA MAIS
+Lidas