Eles diziam: “é só uma gripezinha…”
Enquanto isso, a pá cavava.
E a gente ria — de nervoso.
Um espetáculo que escancara os absurdos de um país onde o negacionismo virou política de Estado.
“CADAVÉRES” traz à cena a memória dos que foram deixados pra trás — e também de quem lucrou com isso.
É teatro, mas podia ser CPI.
É comédia, mas poderia ser tragédia.
É verdade, mas parece piada.
A peça Cadáveres nasceu de um processo colaborativo durante o período da pandemia, ganhando forma como uma potente crítica social, construída a partir da dramaturgia corporal e textual de Neto Portela. Encenado desde maio de 2023, o espetáculo retorna agora com reformulações no elenco, no processo criativo e na própria dramaturgia.
A direção e a dramaturgia seguem sob a assinatura de Neto Portela, que divide o palco com os atores Maria Eduarda Rocha e Thales Gois.
Sábado - A nova temporada tem estreia marcada neste sábado, dia 13 de setembro, às 19h, no Theatro Homerinho, em Maceió – AL.
Saiba mais sobre a peça
Cadáveres mergulha nos bastidores de uma sociedade tomada pela desinformação, pelo negacionismo e pela manipulação das narrativas políticas e midiáticas. Ambientada em uma cidadela fictícia, mas perturbadoramente familiar, onde impera a “Mitologia da Informação”. A peça acompanha a trajetória de Darci, uma mulher desempregada que se submete a trabalhar na casa de Átila Eduardo, figura simbólica do poder autoritário, da elite conservadora e do discurso negacionista. Ao seu lado, não há uma personagem convencional: a plateia assume o lugar de Mariel, sendo posicionada como observadora e interlocutora direta da narrativa. A partir desse deslocamento, o público é constantemente desafiado a sair da passividade, sendo interpelado e tensionado pela cena, como testemunha e cúmplice da tragédia coletiva.
Ao centro da narrativa está Antena, um jornalista oportunista que muda seu discurso conforme a audiência: antes defensor do negacionismo e da desinformação, ele transforma a dor popular em espetáculo rentável. Seu cinismo revela a perversidade do sistema que transforma cadáveres em cliques, sofrimento em lucro, e verdade em mercadoria.
Inspirada nos processos estéticos e poéticos de Bertolt Brecht e nas estratégias do Teatro do Absurdo, a obra rompe com a ilusão cênica tradicional, recusando o realismo psicológico para adotar um teatro de distanciamento, denúncia e estranhamento. Os personagens não são apenas indivíduos, mas arquétipos sociais que representam forças ideológicas, econômicas e morais. O texto carrega marcas de ironia, contradição e grotesco, fazendo uso de recursos como quebras da quarta parede, comentários diretos ao público, e cenas que oscilam entre a crueza documental e o absurdo trágico da realidade brasileira.
Cadáveres não é apenas um espetáculo teatral, mas um chamado à reflexão política e à ação crítica. A dramaturgia nasce da urgência de dar voz à memória silenciada das vítimas da pandemia, da fome, do abandono estatal e do genocídio negligenciado. Ao transformar o público em parte da cena e ao lançar mão das ferramentas brechtianas e absurdistas, a peça não oferece conforto, oferece confronto.
Ao final, a obra se ergue como manifesto: pelos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, uma vida inteira de luta.
Assista ao teaser do espetáculo
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Ingressos
Parte dos ingressos será disponibilizada gratuitamente para estudantes de escolas públicas, enquanto os demais terão preços acessíveis a partir de R$10,00. As entradas podem ser adquiridas pela plataforma Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/cadaveres/2995145), pelos perfis no Instagram: @peca_cadaveres e @netoportelaa, ou ainda pelo WhatsApp: (82) 9 9197-1727.
FICHA TÉCNICA
DIREÇÃO
NETO PORTELA
ATORES
MARIA EDUARDA ROCHA
NETO PORTELA
THALES GOIS
PRODUÇÃO
NETO PORTELA
ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO
MAYKO JEIZO
FOTOGRAFIA
KAROLINY CERQUEIRA LESSA GAMA
ILUMINAÇÃO E CENOGRAFIA
CLAUDEMIR SANTOS
INTÉRPRETE DE LIBRAS
EDUARDA CRISTINA
ASSESSORIA DE IMPRENSA
MARTA MOURA
FIGURINO
ANDRÉA ALMEIDA
DESIGNER GRÁFICO
LUIZ SANTOS
Este projeto foi realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Governo Federal, através do Ministério da Cultura (Minc), operacionalizado pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).
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