Nas rodovias do país, a insatisfação toma conta dos caminhoneiros autônomos que mantêm o movimento grevista nesta sexta-feira (25), mesmo após o anúncio de acordo feito na noite de quinta (24) em Brasília.
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Após a divulgação do acordo, se sabia que possivelmente o movimento não seria interrompido em sua totalidade, já que uma fração dos representantes da categoria demonstrou descontentamento com o documento do governo.
As horas seguintes apenas confirmaram isso, inclusive com a ampliação de protestos em alguns estados, como Paraná e Santa Catarina.
"Nada chegou para nós, não estávamos na reunião e o que foi decidido não é a vontade de todos", disse o caminhoneiro Waldemar Oliveira, que participa do protesto no porto de Paranaguá (PR), iniciado às 6h da última segunda-feira (21). O local tem interdição de meia pista, segundo grevistas e a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
No rodoanel, em São Paulo, caminhoneiros também alegam que "nada chegou" para eles das lideranças do movimento grevista e que as conversas com o governo federal não tiveram participação deles.
"Não adianta ser do jeito que foi, o governo só quer ganhar tempo e ver se nossos protestos perdem força", disse o caminhoneiro João Cardoso dos Santos.
Na madrugada desta sexta-feira (25), a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) informou que está elaborando documento oficial sobre a reunião com o governo "para enviar inclusive às lideranças dos caminhoneiros no país".
A avaliação de pessoas próximas às lideranças dos caminhoneiros autônomos é a de que algumas entidades deixaram o encontro com o governo insatisfeitos, mas entendendo que o acordo foi a saída para evitar o agravamento do desabastecimento.
Fica como está
Os grupos de trocas de mensagem entre caminhoneiros mudaram as fotos na noite desta quinta para uma em que diz "a greve continua", após o anúncio do acordo do governo com oito entidades da categoria. Os motoristas autônomos disseram que não deixarão as rodovias.
"Os supostos sindicatos que estão negociando não representam os caminhoneiros que estão na rua", disse o motorista Aguinaldo José de Oliveira, 40, que trabalha com transportes há 22 anos e para quem o movimento não tem um líder específico.
"São uns aproveitadores que não falaram com a gente antes da greve e chegaram agora, quando já estava tudo parado", afirma o caminhoneiro que está na avenida Anhanguera, em Campinas. "Nos mais de 30 grupos de WhatsApp que participo, ninguém aceitou esse acordo."
Segundo ele, os caminhoneiros pretendem manter a paralisação porque o acordo não atinge as suas principais reivindicações. "São 14 itens que a gente nem conhece. O principal é a redução do diesel, mas não essa esmola temporária de 15 centavos."
Segundo o documento, o governo irá manter a redução de 10% do valor do diesel nos próximos 30 dias.
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