Reuniões foram realizadas para discutir a Ação Civil Pública sobre o Mapa V5, atendendo a moradores de áreas afetadas pela Braskem, que buscam informações sobre indenizações e realocações de imóveis. A situação é crítica, com 13 casas interditadas e a realocação suspensa pelo TRF5, gerando insegurança para os residentes.
A procuradora Roberta Bomfim afirmou que há evidências suficientes para garantir indenizações, mas a ação depende de avanços processuais. O primeiro acordo com a Braskem, firmado há quase seis anos, permitiu a realocação de mais de 57 mil pessoas, evitando que estivessem em áreas de risco.
As reuniões, parte do projeto Vozes da Mundaú, destacaram a urgência da realocação de imóveis danificados e a falta de decisão sobre a ACP após dois anos. O MPF continuará a monitorar o processo e promoverá novos encontros para manter a comunidade informada e garantir transparência.
Duas reuniões relacionadas ao Caso Braskem foram realizadas na tarde desta terça-feira, 02, após demandas de moradores do bairro Bom Parto e da rua Marquês de Abrantes, no bairro Bebedouro. Eles buscam informações sobre o andamento da Ação Civil Pública (ACP) referente à versão 5 do Mapa de Linhas de Ações Prioritárias (Mapa V5) e sobre a situação das indenizações e realocações dos imóveis inseridos em novembro de 2023. Representantes do Ministério Público Federal (MPF) e o juiz federal André Granja participaram do encontro.
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A decisão mais recente, de setembro, determinou a realocação das 13 casas mais danificadas do Bom Parto e já interditadas pela Defesa Civil de Maceió — decisão cujos efeitos encontram-se suspensos, em outubro, por determinação do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5). A atuação do juízo aguarda a manifestação do Tribunal para garantir maior segurança jurídica e efetividade às medidas futuras.
A procuradora da República Roberta Bomfim, que acompanhou os moradores nos encontros, destacou que para o MPF/DPU/MPAL as provas são suficientes para garantir que os imóveis inseridos na versão 5 do mapa sejam indenizados. Mas entende que, no momento, a ação depende de avanços na tramitação processual. A procuradora destacou que há quase seis anos o primeiro acordo foi firmado com a empresa e foi este acordo que garantiu que mais de 57 mil pessoas fossem realocadas, indenizadas e não estivessem atualmente em área de risco.
“Infelizmente, não se chegou a um novo acordo com a empresa para atender também às pessoas atingidas pela ampliação do mapa v 5. Assim, foi inevitável ao MPF, DPU e MP levar ao judiciário e aguardar o tempo do processo. Se não fossem os compromissos estabelecidos nos anos anteriores através do acordo, hoje teríamos dezenas de milhares de pessoas em área de risco e não indenizadas aguardando decisão judicial em relação às versões anteriores do mapa”, comentou.
Participação e esclarecimentos – As reuniões mantiveram o espírito de diálogo contínuo do projeto Vozes da Mundaú, cuja segunda edição foi realizada em 24 de novembro. O encontro coincidiu com os dois anos de ajuizamento da ACP sobre o Mapa V5 e reforçou a importância do espaço de escuta qualificada promovido pelo MPF. A iniciativa reuniu moradores dos bairros Bom Parto e Marquês de Abrantes, atendidos pelas procuradoras da República Juliana Câmara e Roberta Bomfim na última semana.
Moradores da Rua Marquês de Abrantes, no Bebedouro, relataram a urgência da realocação dos oito imóveis mais danificados, todos incluídos na ampliação do Mapa V5. Eles buscaram esclarecimentos sobre o processo judicial, tendo em vista que, mesmo após dois anos do ajuizamento, a ACP segue sem decisão de mérito.
Na ocasião, as procuradoras apresentaram o histórico das tentativas de solução extrajudicial com a Braskem, incluindo negociações realizadas ainda em 2023 para viabilizar indenizações e realocações. Os diálogos, porém, foram interrompidos. Diante da inviabilidade de avançar com negociações e da gravidade do cenário em diversos imóveis abrangidos pelo Mapa V5, o MPF, a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) recorreram ao Judiciário, em novembro de 2023.
Moradores do Bom Parto também buscaram atualizações sobre a liminar que determinava a realocação imediata de 13 imóveis em risco — decisão que foi suspensa pelo TRF5. Eles relataram a angústia de viverem sob risco geológico contínuo e, ao mesmo tempo, terem de aguardar uma definição judicial para dar sequência às suas vidas.
O MPF seguirá acompanhando o andamento do processo e promoverá novos encontros sempre que necessário para esclarecer a comunidade e assegurar transparência nas etapas de tramitação judicial.
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